Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Mídia estranha com gente esquisita

A mídia britânica vive numa espécie de bolha, alienada das preocupações e necessidades reais de seu público. Pelo menos é o que diz a revista The Economist [20/1/05], para que a mídia britânica, com suas excentricidades, pode até ser assustadora, mas não mais do que o público que a consome.

Na semana passada, foi ao ar o episódio final de Vote for me, reality show em que os telespectadores eram convidados a escolher um candidato independente ao Parlamento a partir de uma seleção de novatos em política. O vencedor – que competiu com um druida e uma estrela-pornô, entre outros – foi o advogado e ex-presidiário Rodney Hylton-Potts, de 59 anos.

A plataforma política de Hylton-Potts incluía a castração de pedófilos à força, a revogação do Ato de Direitos Humanos, o fim da imigração (exceto para os muito ricos) e a legalização da maioria das drogas. Empolgado pelo sucesso que obteve no programa, ele já anunciou sua intenção de enfrentar o conservador Michael Howard nas próximas eleições legislativas, previstas para maio.

A imprensa reagiu com horror à vitória do advogado na TV. O tablóide The Sun chamou Hylton-Potts de racista. O apresentador do programa o comparou a Hitler e Mussolini. O ITV, canal responsável pela transmissão, recusou-se a revelar de quanto foi a votação que o ‘coroou’.

Segundo a Economist, o episódio Hylton-Potts não foi o primeiro a mostrar que há algo estranho com as preferências dos ingleses. O programa de rádio Today, da BBC, pediu que seus ouvintes escolhessem uma lei que gostariam que o governo aprovasse. O parlamentar do Partido Trabalhista Stephen Pound se dispôs a apresentar a ‘lei’ escolhida pelo público ao Parlamento. Os ouvintes optaram pela idéia de permitir que cidadãos defendam sua propriedade de qualquer maneira, inclusive atirando nos invasores.