Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Mídia se prepara para a nova Casa Branca


Enquanto Barack Obama e sua equipe preparam-se para a transição do governo americano, a mídia dos EUA corre para se adaptar a uma nova administração na Casa Branca. A forte atuação da campanha do democrata na internet – com número recorde de doações pela rede – e a adaptação do tradicional pronunciamento semanal do presidente eleito do rádio para o vídeo online dão sinais de que o próximo governo será tecnológico.


Refletindo esta mudança, um sítio de internet terá, pela primeira vez, a maior equipe de correspondentes da Casa Branca. Trata-se da página Politico.com, lançada há quase dois anos. Com popularidade crescente, o sítio já havia anunciado planos de dedicar seis repórteres em tempo integral para cobrir a administração Obama. ‘Este é um momento importante e nós queremos ter os melhores repórteres do país na história mais relevante: como o novo Congresso e o novo presidente irão governar neste período histórico’, diz o publisher Robert Allbritton.


Até quem não é originalmente de internet já está de olho no meio online quando o assunto é a nova Casa Branca. O jornal Washington Post planeja aumentar de dois para quatro o número de correspondentes na sede do governo. Entre eles, estará seu primeiro blogueiro em tempo integral. O Washington Times também aumentará a equipe, de um para três jornalistas. A estação pública National Public Radio, que atinge 26 milhões de ouvintes, está remodelando seu time de correspondentes para focar mais na cobertura para a rede.


Temor


As companhias de mídia também se preparam para encarar uma nova secretaria de imprensa na Casa Branca. Durante a campanha, a equipe de comunicação de Obama mostrou-se disciplinada e discreta; os repórteres agora temem que o acesso da mídia tradicional a informações oficiais e vazamentos seja limitado. Outro temor dos jornais e revistas é que o governo tente ‘passar por cima’ dos correspondentes da Casa Branca para se dirigir diretamente à população via internet, o que favoreceria sítios como o Politico e o blog liberal Huffington Post.


‘Assim como Kennedy trouxe a presidência da televisão, eu acho que estamos prestes a ver a primeira presidência internética’, diz Joe Trippi, responsável pela estratégia online da campanha do democrata Howard Dean em 2004. ‘O presidente e as pessoas se conectarão de um jeito que nunca aconteceu antes’, afirmou Trippi durante uma conferência sobre internet e política, recentemente, na Califórnia.


O primeiro pronunciamento semanal de Obama como presidente eleito, distribuído pelo YouTube e postado no sítio oficial Change.gov, é uma boa pista de como deverão ser as coisas daqui para frente. A declaração do porta-voz do democrata, Nick Shapiro, de que ‘esta é mais uma das muitas maneiras que o presidente usará para se comunicar com o povo americano’ completa a idéia.


Voz da experiência


Para o veterano Stephen Hess, que participou dos governos dos presidentes Dwight Eisenhower e Richard Nixon e foi conselheiro de Gerald Ford e Jimmy Carter, a mídia tradicional não deveria se preocupar tanto. ‘Um dos hábitos dos presidentes é adaptar a tecnologia disponível’, lembra, citando o uso do rádio para os discursos de Roosevelt e as primeiras coletivas de imprensa televisionadas na administração de John Kennedy. ‘Agora é a vez da internet’, resume.


Hess, que é autor de um livro de conselhos de transição para um novo presidente, afirma que outro hábito dos novos presidentes é ‘encontrar meios de ignorar a mídia tradicional, ou pelo menos a mídia que os confronta, e isso significa os correspondentes da Casa Branca’. Ainda assim, diz ele, nunca é possível desviar totalmente dos correspondentes da Casa Branca ‘porque eles são os únicos que estão sentados lá dia após dia’. Informações da AFP [17/11/08].