Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Militares justificam morte de técnico da Reuters

O inquérito militar americano sobre a morte do técnico de som da Reuters Waleed Khaled, ocorrida no dia 28/8, concluiu que a ação dos soldados americanos foi ‘apropriada’. Ele foi morto por disparos que partiram de forças americanas quando chegava ao bairro de Hay al-Adil, em Bagdá, para cobrir um tiroteio. O cinegrafista Haider Kadhem, que o acompanhava, ficou ferido.

‘O carro se aproximou a uma alta velocidade e movimentou-se de forma suspeita. Ele parou e imediatamente deu ré. Havia indivíduos se pendurando para fora com algo que parecia ser uma câmera. Nossos soldados estão treinados para agir em certas situações e decidiram que seria apropriado atirar contra o carro’, afirmou o major-general americano Rick Lynch. ‘O carro tinha atitudes semelhantes a alguns veículos usados em ataques suicidas. Nós lamentamos a morte de indivíduos, mas nossos soldados são treinados a agir assim nestas situações’, acrescentou.

Todas estas justificativas foram rejeitadas pelo editor global da Reuters, David Schlesinger, para quem ‘é repugnante a idéia de que se pode justificar o assassinato de um jornalista profissional que está cumprindo o seu dever’. Schlesinger exigiu aos militares que tornassem públicos os resultados do inquérito o mais depressa possível, para que a agência possa responder plenamente aos mesmos. Waleed Khaled tinha 35 anos, trabalhava para a Reuters há dois e deixou uma filha de sete anos. Sua mulher está grávida de quatro meses.

O cinegrafista Haider Kadhem usava uma câmera de vídeo pequena, que foi confundida com uma arma. Ele foi detido logo em seguida e mantido preso por três dias por tropas americanas, que ainda mantém detidos pelo menos quatro jornalistas sem acusações específicas. Outro funcionário da Reuters, o fotógrafo e cinegrafista freelancer Ali Mashhadani, está preso desde o dia 8/8 sem comunicação por ser considerado uma ‘ameaça’ pelo conselho formado por representantes iraquianos e americanos. Informações do Comitê para a Proteção dos Jornalistas [31/8/05], Alastair Macdonald [Reuters, 1/9/05] e do sítio do Sindicato dos Jornalistas [2/9/05].