Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ministro indiano é alvo da vez

Mais um sapato é atirado contra um político por um jornalista. Desta vez, o alvo foi o ministro do Interior da Índia, Palaniappan Chidambaram, durante uma conferência sobre as investigações de um massacre ocorrido em 1984 que deixou milhares de pessoas mortas – em sua maioria da religião sique. O jornalista Jarnail Singh, que também é sique, atirou o sapato em direção ao ministro, sem acertá-lo. Chidambaram continuou a responder às perguntas, enquanto o repórter era retirado do local por seguranças.


Singh foi detido e solto após interrogatório, segundo informou o porta-voz da polícia, Rajan Bhagat. Ele trabalha para um dos maiores jornais do país, o Dainik Jagran. Antes de atirar o sapato, o jornalista fez diversas perguntas ao ministro sobre o relatório do Escritório Central de Investigações, divulgado na semana passada, que inocentou o líder do partido do Congresso, Jagdish Tytler, de envolvimento nos conflitos de 1984. Chidambaram afirmou que o escritório é um órgão independente e que o governo não desempenhou nenhum papel nesta decisão, pedindo ao público para ser paciente. Então, Singh arremessou seu tênis em direção ao ministro. Momentos depois, Chidambaram pediu repetidas vezes aos repórteres na sala para ‘se acalmarem’ e disse que o ‘acesso emocional de um homem não deveria interromper a coletiva’.


Posteriormente, Singh contou a repórteres de TV que se arrependia de sua atitude, mas sentiu que o ministro estava se esquivando da questão. ‘Só queria lhe perguntar como a justiça seria feita, mas ele insistiu em não responder às perguntas’, contou, sem dizer se a ação foi inspirada na do jornalista iraquiano Muntadhar al-Zaidi, que atirou seus sapatos no ex-presidente americano George W. Bush durante coletiva em Bagdá. Esta semana, uma corte iraquiana reduziu a sentença de al-Zaidi – condenado por agredir um chefe de Estado estrangeiro durante visita oficial – de três para um ano de prisão.


Tabu


Os conflitos de 1984 ainda são um tema controverso na Índia e eclodiram após o assassinato da ex-primeira-ministra Indira Gandhi por seus guarda-costas. Muitos culparam membros do Congresso por encobrirem ou até mesmo apoiarem os manifestantes. Nesta terça (7/4), centenas de siques protestaram contra o relatório do Escritório Central de Investigações em frente à casa da líder do Congresso, Sonia Gandhi, nora de Indira. Jagdish Tytler, no centro da controvérsia, era membro do Congresso na época e permanece uma figura polêmica na política indiana. Ele está atualmente em campanha para reeleição ao parlamento, no pleito marcado para este mês. Informações de Ashok Sharma [Associated Press, 7/4/09].