Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Newseum homenageia jornalistas mortos em 2013

O Newseum, museu interativo dedicado ao jornalismo e sediado em Washington, homenageou na segunda-feira [10/6] 77 jornalistas mortos em 2013, incluindo o brasileiro Rodrigo Neto, assassinado em Ipatinga (MG). Neste ano, diferente das edições anteriores, o Newseum decidiu acrescentar no memorial apenas 10 dos 77 nomes citados na homenagem. Gene Policinski, diretor de operações do museu, justificou que a mudança foi necessária por conta do aumento do papel das mídias digitais no jornalismo, o que tornou mais difícil a distinção entre jornalistas profissionais e pessoas comuns perseguindo as notícias.

O memorial agora contém os nomes de 2.256 jornalistas que morreram exercendo a profissão ou que foram extremamente significativos para a imprensa (a partir de 1837). A galeria conta com centenas de fotografias, bem como quiosques informativos sobre o trabalho de cada um deles.

Em risco pela notícia

A homenagem aconteceu durante a cerimônia de reinauguração do memorial, que contou com discurso de Kathleen Carroll, editora-executiva e vice-presidente da Associated Press. Ela convocou os jornalistas a lutar contra a indiferença e a reafirmar a importância de enfrentar a corrupção e o medo. Kathleen citou o caso da fotojornalista Anja Niedringhaus, da própria Associated Press, assassinada em abril de 2014 por um policial afegão. Poucas semanas antes morrer, Anja declarou que continuaria cobrindo regiões perigosas do mundo porque aquele era seu dever.

Policinski disse que os jornalistas merecem a homenagem porque se colocam em risco para trazer notícias e informações, e que o mundo precisa ser lembrado todos os anos dos sacrifícios dos profissionais que são mortos, presos, intimidados, espancados e censurados ao tentar cumprir sua função.

Cerca de 50 amigos e parentes dos jornalistas homenageados estiveram presentes à cerimônia.

Novos nomes no memorial

** Mick Deane (cinegrafista britânico, 61 anos), foi baleado por um franco-atirador quando cobria um protesto violento no Cairo, Egito. Cobriu guerras e outros eventos importantes para a CNN e a Sky News durante quase 40 anos.

** Akhmednabi Akhmednabiyev (jornalista russo, 53 anos), assassinado a tiros por denunciar casos de corrupção governamental e violações dos direitos humanos. Foi vice-editor do Novoye Delo, um dos principais jornais da Rússia.

** Yasser-Faisal al-Jumaili (cinegrafista iraquiano, 35 anos), morto na Síria enquanto filmava a guerra civil. Trabalhava como freelancer.

** Mikhail Beketov (jornalista russo, 55 anos), ganhou notoriedade por informar sobre a corrupção do governo de seu país. Brutalmente espancado em 2008, morreu cinco anos depois ao engasgar com um pedaço de comida, em consequência das cicatrizes internas deixadas por uma traqueotomia.

** Ghislaine Dupont (jornalista francesa, 57 anos) e Claude Verlon (jornalista francês, 58 anos). Ambos foram sequestrados e mortos no norte do Mali, na África, quando cobriam a violência local pela RFI (Radio France Internationale).

** Rodrigo Neto (jornalista e radialista brasileiro, 38 anos), morto a tiros. Rodrigo estava escrevendo um livro sobre a suspeita de envolvimento da polícia numa chacina em Belo Oriente (MG).

** Sai Reddy (jornalista indiano, 51 anos), espancado e esfaqueado por rebeldes maoístas. Reddy escreveu diversas reportagens sobre a luta entre rebeldes maoístas e policiais.

** Fernando Solijon (radialista filipino, 48 anos). Foi baleado por homens mascarados, que fugiram numa motocicleta. Suas reportagens apontavam a ligação de políticos filipinos ao comércio ilegal de drogas.

** Olivier Voisin (jornalista francês, 38 anos), morto após ter sido atingido por estilhaços durante a cobertura da Guerra na Síria.