Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Novo vazamento revela segredos diplomáticos

Cinco jornais publicaram, no domingo (28/11), trechos de mais de 250 mil correspondências de 274 embaixadas e consulados americanos fornecidas pelo site WikiLeaks, que tem como missão vazar informações secretas de governos e grandes corporações que de outra forma nunca viriam a público. Este ano, o WikiLeaks já fez dois grandes vazamentos sobre as guerras do Afeganistão e Iraque. Desta vez, os documentos revelam uma rara visão sem filtros do normalmente confidencial meio da alta diplomacia.

Os papeis foram obtidos pelo jornal americano New York Times, o francês Le Monde, o britânico Guardian, o alemão Der Spiegel e o espanhol El País. Eles mostram que os EUA espionam seus aliados e as Nações Unidas; revelam acordos feitos por baixo dos panos com países supostamente neutros; o lobby por empresas americanas; e o descaso do governo diante de casos de corrupção e violações dos direitos humanos em países em que os EUA têm interesses comerciais.

Saia justa

Segundo o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, o vazamento pode ser considerado ‘o 11 de setembro da diplomacia mundial’. Nele, o primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi é descrito como fraco e vaidoso; o presidente afegão, Hamid Karzai, como paranóico; e a chanceler alemã Angela Merkel como uma pessoa sem criatividade que não se arrisca. O ex-presidente e atual premiê russo Vladimir Putin é visto como machista, enquanto o presidente venezuelano Hugo Chávez é chamado de louco. Já o líder francês, Nicolas Sarkozy, é tido como autoritário. Desta forma, espera-se muita saia justa pela frente.

O Brasil também aparece em correspondências do então embaixador americano no país, Clifford Sobel. Em um telegrama do início de 2008, o diplomata diz que a Polícia Federal brasileira oculta prisões de suspeitos de terrorismo para não chamar a atenção da imprensa e de altos escalões do governo. Estas pessoas seriam enquadradas em outros tipos de crimes.

Investigação

A Casa Branca, como era de se esperar, foi rápida em condenar o vazamento, afirmando que ele põe em risco seus diplomatas, profissionais da inteligência e ‘pessoas de todo o mundo’ que ajudam ‘na promoção da democracia e de um governo aberto’. O secretário de Justiça americano, Eric Holder, informou que abriria uma investigação criminal. O New York Times afirmou que decidiu publicar os documentos por considerar que eles ‘servem a um importante interesse público’.