Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Obama participa de esquete online para impulsionar reforma na saúde

Um vídeo que mostra Barack Obama em uma entrevista surreal, divulgado na internet esta semana, já rendeu bons frutos para a Casa Branca. O presidente americano participou de um programa de entrevistas online com o ator e humorista Zach Galifianakis. O talk show Between Two Ferns with Zach Galifianakis (Entre duas samambaias com Zach Galifianakis) faz parte do site Funny or Die, que traz esquetes de humor com famosos, e mostra o ator, conhecido pela série de longas Se beber, não case!, fazendo perguntas e comentários esdrúxulos a personalidades – já foram entrevistados o cantor Justin Bieber e a atriz Charlize Theron, entre outros.

Obama participou da brincadeira para divulgar seu programa de reforma no setor de saúde, conhecido informalmente como “Obamacare”, e tinha como objetivo estimular os jovens adultos – fã das comédias de Galifianakis – a se cadastrar no programa. Deu certo: segundo Tara McGuinness, porta-voz da Casa Branca, depois da postagem do vídeo, na manhã de terça-feira [11/3], o maior número de visitas ao site do programa de saúde do governo passou a vir do Funny or Die. Poucas horas após ser postada, a entrevista fake já tinha sido vista quase três milhões de vezes e estava entre os trending topics do Twitter.

Na conversa com o Obama, Galifianakis identifica o presidente como “líder comunitário”, esquece de chamá-lo de presidente, pergunta como ele se sente por ser o último presidente negro e sugere que ele nasceu no Quênia. O humorista também confunde a Coréia do Norte com “Ikea do Norte”, e identifica o ex-jogador de basquete Dennis Rodman, que tornou-se aliado do líder norte-coreano Kim Jong-un, como embaixador dos EUA.

Na tarde de terça, o próprio Obama foi ao Twitter agradecer a Galifianakis por ter ajudado a aumentar as visitas ao site do programa de saúde. 

 

Graduado em mídia social

Em artigo no blog sobre política The Fix, do Washington Post, o jornalista Chris Cillizza, que cobre a Casa Branca para o diário, avalia que o presidente americano se tornou o “mais famoso editor das mídias sociais” do mundo. A brincadeira desta semana é, segundo ele, “o mais recente exemplo de como o presidente e seus assessores não apenas entenderam as mudanças no cenário midiático, mas também se mexeram para se beneficiar delas”.

Obama já foi entrevistado pelo ex-jogador da NBA Charles Barkley e participou do talk show do humorista Jon Stewart seis vezes – duas delas como presidente. No fim do ano passado, o ator e comediante Steve Harvey também conseguiu entrevistar Obama para seu talk show.

Já a última entrevista concedida pelo presidente ao New York Times ocorreu em julho do ano passado. O Washington Post o entrevistou pela última vez em dezembro de 2009. O número de vezes em que ele se senta para conversar com jornalistas de veículos da chamada “mídia tradicional” só vem caindo. Na análise de Cillizza:

“Obama e sua equipe acreditam fortemente que a ruptura da mídia tradicional em milhares de sites de nichos alterou fundamentalmente como – e com quem – ele deve gastar seu tempo. Todos os presidentes anteriores a Obama gastavam a maior parte de seu tempo falando com – e vazando informação para – os ‘grandes’ jornais (Washington Post, New York Times, Wall Street Journal, etc) e as redes (CBS, ABC e NBC). Fazê-lo não era opcional; era mais como uma conclusão prévia. Se você queria espalhar a informação, tinha mais ou menos seis opções para fazê-lo.

“A eleição de Obama em 2008 coincidiu com uma mudança rápida nesta equação. O crescimento da mídia não tradicional – do Huffington Post ao Daily Show e outras mil ramificações cobrindo pedaços e partes do ciclo de notícias – permite que este presidente escolha seus veículos e seu público de uma maneira impensável até para George W. Bush. (A tecnologia em mudança – YouTube, Flickr, Twitter, etc – também permite que Obama se esquive da lente tradicional da mídia). Obama compreendeu esta mudança – e o poder que tem para adaptar suas mensagens para audiências específicas e escolher entrevistadores amigáveis – imediatamente ao entrar na Casa Branca. Em sua primeira coletiva de imprensa como presidente, Obama convidou Sam Stein, do Huffington Post, a fazer uma pergunta – em um momento que foi visto como uma ruptura com o modo ‘como as coisas sempre foram feitas’ e um sinal de uma nova ordem midiática.”  

 

Veja aqui a entrevista de Obama em Between Two Ferns with Zach Galifianakis