Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Oito jornalistas podem ser presos

A tradição de liberdade de imprensa dos EUA está ameaçada, pelo que se pode apreender de artigo de Nicholas Kristof publicado no New York Times [10/11/04]. É comum ouvir falar de censura e repressão à imprensa na China ou em países africanos, mas, nos últimos meses, oito jornalistas americanos foram condenados por desobediência à justiça e alguns deles podem ser presos ainda este ano.

O repórter que está mais perto de ser preso é Jim Taricani, que trabalha numa afiliada da NBC em Rhode Island. Ele colocou no ar uma fita em que um funcionário municipal de Providence recebe um envelope cheio de dinheiro. O procedimento do jornalista foi absolutamente legal, mas o juiz Ernest Torres quer prendê-lo porque ele se recusa a identificar quem lhe entregou a fita. Outro caso coloca em risco a liberdade de Judith Miller, do New York Times, e Matthew Cooper, da Time, que não querem revelar quem lhes passou a informação de que a mulher de um ex-diplomata, Valerie Plame, é agente da CIA. Cinco outros repórteres estão sujeitos a prisão porque não querem entregar suas fontes no caso do cientista nuclear Wen Ho Lee, investigado por suposta espionagem.

O direito de sigilo de fonte é preceito sagrado do jornalismo e em todos estes casos ele está ameaçado. Dois repórteres do New York Times podem ter seu sigilo telefônico quebrado por ordem do juiz do departamento de Justiça, para que se descubra com quem falaram numa determinada época de 2001.

Segundo Kristof, o governo Bush não tem ligação direta com esses problemas, mas não é coincidência que estejam ocorrendo agora, pois a administração republicana faz esforços nunca antes vistos para gozar de pouca transparência. O governo da China recentemente prendeu um funcionário local do New York Times e o governo americano tem mostrado empenho em negociar sua libertação. ‘Talvez Colin Powell possa fazer um acordo: o governo chinês pára de prender jornalistas se o governo dos EUA fizer o mesmo’, escreve o jornalista.