Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Onda de assassinatos e impunidade

As Filipinas são o segundo país mais perigoso para o exercício do jornalismo, perdendo apenas para o Iraque, informa a Economist [16/6/05]. Somente no ano passado, 13 jornalistas filipinos foram mortos; desde que a democracia foi restabelecida no país, em 1986, 68 profissionais foram assassinados.

A ultima vítima foi Philip Agustin, editor do Starline Time Recorder, semanário da cidade de Dingalan. Segundo jornalista a ser morto em menos de uma semana e quinto desde o início do ano nas Filipinas, ele foi atingido por um tiro na cabeça no dia 10/5, quando jantava na casa de sua filha. Recentemente, o jornal de Agustin havia publicado artigos que acusavam de corrupção o prefeito de Dingalan, Jayme Ylarde – que negou qualquer envolvimento com o crime e prometeu dar início a uma investigação sobre o assassinato.

A presidente filipina, Gloria Arroyo, doou US$ 93 mil para o recém-inaugurado Fundo da Liberdade de Imprensa, que tem o objetivo de encorajar as pessoas a fornecerem informações para resolver crimes envolvendo jornalistas. Um dos grandes problemas do país, neste sentido, é o fato de as leis existentes na capital, Manila, não se estenderem até as províncias. Jornalistas de Manila que criticam o governo raramente são atacados, mas os que trabalham nas províncias, como Agustin, correm sérios riscos.

Nestes locais, a ilegalidade impera. Quem se sente prejudicado pelos ataques dos jornalistas pode facilmente contratar um assassino por meros US$ 93. Testemunhas, advogados e policiais também podem ser comprados sem grandes dificuldades. Alguns policiais chegaram a sugerir que as penas sobre condenação por calúnia deveriam ser aumentadas, para evitar este tipo de comportamento inescrupuloso. Outros ainda recomendam que os jornalistas andem armados para poderem se defender.

Em seu sítio na internet, a organização Repórteres Sem Fronteiras [11/6/05] requisita às autoridades filipinas que usem todos os recursos necessários para acabar com a terrível onda de assassinatos de profissionais da imprensa e para punir estes crimes, para que assim os jornalistas possam trabalhar nas condições esperadas em uma democracia.