Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Onde os blogs não têm vez

A imprensa britânica sofre, atualmente, do mesmo mal dos jornais do resto do mundo: a perda de leitores e anunciantes para a internet. Por outro lado, parece estar livre de um outro mal – este atinge especialmente os EUA: a perda de furos para a blogosfera. Em território americano, os blogs políticos e sociais se tornaram febre, e alguns conseguem atingir um patamar de credibilidade bastante alto.

Entre os exemplos mais famosos estão o Politico.com, que já foi criado como um projeto jornalístico profissional, com equipe e tudo, e hoje tem papel essencial na cobertura política americana; e o Huffington Post, criado pela ex-socialite Arianna Huffington, que cresceu tanto que hoje também conta com equipe. Talking Points Memo, Drudge Report e TechCrunch também estão nesta lista. O TMZ, especializado em fofocas de celebridades, foi o responsável, no mês passado, pelo furo da morte de Michael Jackson. Basicamente, nos EUA os blogs vêem a mídia tradicional como um inimigo e, muitas vezes, como algo ultrapassado e inferior.

No Reino Unido, ao contrário, existe uma simbiose entre imprensa e blogosfera. Existem até blogueiros famosos no país, como Paul Staines e Iain Dale, mas os furos são dados, em sua grande maioria, pelos jornais. Há relatos de que há blogueiros que vendem furos para a imprensa tradicional. Outros dizem que colaboram com os jornais pois isso aumenta a credibilidade e visibilidade de suas páginas na internet.

Mas talvez haja, ainda, no comportamento dos blogueiros britânicos, um pouco de receio. A justiça do país é conhecida como a mais simpática a quem se queixa de calúnia ou difamação. Por isso, a menor ameaça de processo, por mais sem sentido que seja a queixa, leva ao fechamento de páginas para evitar uma – muito possível – condenação. Informações de Eric Pfanner [The New York Times, 27/7/09].