Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Os perigos da fotografia na era digital

Adnan Hajj, o fotógrafo libanês da Reuters que manipulou fotos, era o assunto mais procurado nas discusses da ‘blogosfera’ na terça-feira (8/8). Uma animação que mostra suas alterações, por sua vez, está entre os vídeos mais vistos no sítio YouTube.com.


Conforme noticiou este Observatório em artigo desta semana, Hajj foi acusado, julgado e considerado culpado por alterar impropriamente fotografias que submeteu à Reuters. As fotos, publicadas no sábado, foram descobertas quase instantaneamente por Charles Johnson, dono do blog Little Green Footballs. Hajj foi demitido e suas fotos retiradas do acervo da agência de notícias, que afirmou ter iniciado minuciosa investigação de outros trabalhos do fotógrafo.


O próprio New York Times, segundo artigo de Katharine Q. Seelye e Julie Bosman [The New York Times, 9/8/06], publicou uma fotografia de Hajj no último sábado, totalizando oito fotos de sua autoria desde março de 2005. Editores do Times afirmaram que investigação interna das imagens revelou que nenhuma delas parecia ter sido alterada.


O público, consciente das possibilidades que programas gráficos como o Photoshop oferecem, ficou mais cético. ‘Os leitores duvidam da mídia porque entendem o que é fotografia digital’, afirmou Torry Bruno, editor-chefe associado de fotografia para o Chicago Tribune. Como medida de segurança, toda imagem elegível à capa da edição do dia seguinte é impressa em papel e exposta na parede da sala de reuniões para que os editores as analisem durante o dia.


Mas, à medida que a tecnologia facilita a manipulação de imagem, a ‘blogosfera’ facilita a descoberta desses manipuladores. Charles Johnson disse que assim que viu as fotografias de Hajj, sabia que haviam sido manipuladas. No sábado, colocou as imagens e sua análise em seu blog. Um editor da Reuters no Canadá leu o post e avisou os editores em serviço, que em seguida iniciaram uma investigação.


O evento suscitou preocupação em toda a imprensa. Os procedimentos de aprovação de fotografias para ir a público ficaram mais minuciosos do que já eram. O volume e a velocidade de imagens passando pelas mesas das redações são mais uma preocupação para editores fotográficos. Mick Cochran, editor de fotografia do USA Today, disse que o jornal processa cerca de 4.000 fotos por dia, todas elas tendo que passar por sua aprovação. Jonathan Klein, executivo-chefe da Getty Images, afirmou que a única maneira de evitar esse tipo de problema é ‘empregar pessoas íntegras e, se achar infrações, não só agir, mas agir de forma visível.’