Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

País é considerado um dos mais perigosos para a mídia

As Filipinas já eram consideradas um dos países mais perigosos do mundo para jornalistas antes do massacre da semana passada, que deixou pelo menos 27 repórteres mortos. Segundo o Sindicato Nacional dos Jornalistas, 59 profissionais de imprensa foram assassinados no país desde 2001, sem contar as vítimas do recente ataque. Jornalistas costumam sofrer ameaças, sequestros e intimidações.

Ainda assim, o incidente da semana passada surpreendeu analistas de mídia e organizações de proteção a jornalistas. Um ataque deste tipo com tantos profissionais de mídia mortos é algo difícil de imaginar até em países como Iraque, Afeganistão e Somália. ‘Por anos, usávamos nossas carteiras de identificação como uma proteção contra o perigo ao cobrir áreas de conflito no sul das Filipinas’, diz o jornalista Ed Lingao. ‘Mas este incidente nos fez perceber que nossas identificações não podem mais nos proteger. São apenas um pedaço de papel e não podem impedir uma bala.’

Política

Os jornalistas mortos acompanhavam a família de Ismael Mangudadatu para oficializar sua candidatura a governador para as eleições do próximo ano. Eles foram atacados por homens armados suspeitos de serem partidários de um clã político rival. O candidato tinha optado por não ir pessoalmente por questões de segurança e enviou sua mulher, irmãs e jornalistas, acreditando que, sem ele, todos estariam salvos de ataques. Nem todas as vítimas puderam ser identificadas.

Para Arlyn dela Cruz, repórter que já foi sequestrado por militantes islâmicos, os assassinatos despertam preocupação. ‘Estes crimes nos mostram o quão vulneráveis nossos repórteres locais estão diante de rebeldes e exércitos particulares’, diz. Jornalistas passaram a ser alvos de autoridades locais indignadas com matérias sobre corrupção e muitos já foram sequestrados por rebeldes muçulmanos, sendo libertados depois de pagamentos. Além disso, o jornalismo nas Filipinas sofre com casos de corrupção na própria mídia, com jornalistas com salários baixos aceitando propinas para divulgar matérias. Informações de Manny Mogato [Reuters, 27/11/09].