Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Paulo Rogério

“Eu só acredito no repórter que sente o cheiro de onde está a notícia.” [Saulo Gomes, jornalista]

O clima festivo que se criou em torno da reinauguração oficial do estádio Presidente Vargas não contagiou apenas a administração municipal. Grande parte da imprensa se rendeu ao encanto das homenagens. Uma amnésia preocupante com relação aos fatos que antecederam a finalização da obra – e não foram poucos. Ninguém relembrou como foi o período de três anos e meio que separou a interdição do local até a liberação oficial, na última quarta-feira. Sobrou elogios na cobertura de rádio, jornal e televisão. Até mesmo O POVO, que fez uma ótima cobertura durante todo este período, caiu na tentação. A última menção do histórico dos problemas foi dada domingo na coluna “Papo de Verminoso”. Depois, o clima foi de saudosismo com um quiz em Esportes na terça-feira, detalhes relacionados ao futebol e ao PV na quarta-feira e o relatório simples do jogo com fotos da festa no dia seguinte.

Pois bem. De fato a reinauguração era o ponto principal. Mas faltou mostrar o contexto do que aconteceu até aquele dia. A reforma foi assunto na cidade nos últimos três anos. Será que todos recordam o motivo da interdição em 2008? Ou o tempo que demorou até a obra ser iniciada? Os impasses? A possível demolição? O editor-adjunto do Núcleo de Cotidiano, Rafael Luis, disse que o tema foi manchete de capa 26 vezes desde novembro de 2010. Para ele, o acompanhamento até a conclusão do PV (dia 17/7), foi o suficiente. “Era um momento do aniversário, de celebração”. Realmente. Mas jornalismo não é para shows. É informação. A promoção de eventos deve ficar para quem os organiza. Esses “detalhes” caberiam sem problemas na cobertura.

Pesos e medidas

O leitor José de Anchieta Silveira qualificou como “lamentável” a cobertura dada pelo jornal em casos envolvendo religiosos. Um na editoria Brasil que manchetou, dia 13, denúncia do Ministério Público contra o bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus. A outra, no dia seguinte, em uma secundária no canto de página da editoria Mundo, informando que o Papa Bento XVI foi denunciado por conivência em crimes de pedofilia. Para Anchieta, faltou aprofundamento. “Causou-me indignação (mas não surpresa) o jornal usar dois pesos e duas medidas”.

O editor-executivo do Núcleo de Conjuntura, Guálter George, diz que não houve viés religioso no espaço dado às matérias. “O leitor está certo. As duas medidas eram mesmo diferentes”. Segundo ele, por motivo de espaço e relevância. No caso do papa, havia apenas uma página para Mundo. A opção da manchete foi pela factualidade do acidente na Argentina. “Já no exemplo do bispo, eram três páginas de Brasil, abrindo três perspectivas de manchetes”. As explicações estão tecnicamente corretas. Porém, nos dias seguintes, nada impedia que se ampliasse a repercussão das acusações contra Bento XVI.

Zelo jornalístico

“Porque o jornal não dá os nomes? Fica parecendo conto de fadas”. O questionamento é da leitora Edna Bessa diante da série de três reportagens que O POVO publicou revelando as irregularidades descobertas pela Controladoria Geral da União no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-CE). Entre elas, a de que determinado funcionário do órgão recebeu “gratuitamente” de empreiteiras passagens e estadia para a amante. Internautas como Rodrigo – “Quais construtoras? a reportagem não está sendo feita com base em dados plausíveis? – e Guimarães – “Que veículo de comunicação frouxo é esse que sequer divulga nomes? – aumentaram o coro.

Infelizmente não é conto de fadas. É vida real. A série mostrou, com exclusividade, o que a investigação tem apurado. A curiosidade do leitor é compreensível, mas é preciso cuidado para evitar que inocentes paguem a culpa. Alguns nomes foram revelados em quadro publicado no primeiro dia. Porém há outros que estão sendo investigados. O POVO resguardou a informação – e avisou o leitor na matéria – para não atrapalhar investigação. “A investigação continua, podemos esperar para irmos com segurança”, alertou o repórter especial Cláudio Ribeiro. Atitude acertada.

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