Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pesquisa divide jornalistas e público

O departamento de Políticas Públicas da Universidade de Connecticut, nos EUA, realizou pesquisa sobre a qualidade do jornalismo americano e os limites da liberdade de imprensa. Foram entrevistados, entre março e abril deste ano, 300 jornalistas e 1.000 adultos de outras áreas profissionais. Os resultados, informa Mark Jurkowitz [The Boston Globe, 16/5/05], revelaram que imprensa e público não pensam da mesma maneira.

Questionados sobre o caso dos repórteres Judith Miller, do New York Times, e Matthew Cooper, da revista Time – obrigados pela justiça a revelar a identidade de uma fonte confidencial –, apenas 8% dos jornalistas disseram apoiar a decisão, enquanto 57% do público afirmou que concorda com a justiça.

As divergências continuam quando o assunto é liberdade de imprensa. Em um resultado que não é nenhuma surpresa, só 3% dos jornalistas entrevistados afirmaram acreditar que a imprensa americana tem muita liberdade. Em contraste, este número passou para 43% entre os profissionais de outras áreas. E, enquanto 95% dos jornalistas acham que os jornais deveriam poder publicar qualquer informação sem precisar de aprovação do governo, apenas 55% do público pensa o mesmo.

Público cético

Segundo Ken Dautrich, diretor do departamento de Políticas Públicas, o público é cético em relação ao jornalismo nos EUA. A maior divergência encontrada no estudo, para ele, diz respeito à precisão das informações jornalísticas. Se 72% dos jornalistas acreditam que fazem um bom ou excelente trabalho ao reportar com precisão, apenas 39% do público sente o mesmo. Por outro lado, 61% dos profissionais de outras áreas disseram que não concordam com a afirmação de que ‘a mídia tenta noticiar sem parcialidade’.

Quanto ao aspecto político do jornalismo americano, a pesquisa pode vir a alimentar as reclamações dos conservadores sobre os exageros da imprensa liberal. Instruídos a se identificarem politicamente, um terço dos jornalistas e um terço dos cidadãos disseram ser democratas. As divergências apareceram quando 32% do público se declarou republicano, enquanto este índice caiu para 10% entre os jornalistas. Entre os profissionais de imprensa que afirmaram ter votado na eleição presidencial de 2004, 68% disseram ter votado em John Kerry e 25% em George Bush. Já entre o público votante, Bush venceu Kerry por 54% a 44%.