Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Policiais posam para fotos com criminoso confesso

Fotografias e uma filmagem de agentes turcos posando junto ao suposto assassino do jornalista Hrant Dink vazaram à imprensa na semana passada, causando embaraço às forças de segurança do país. O jovem Ogun Samast, que confessou ter matado Dink a tiros em 19/1 em Istambul, aparece nas imagens ao lado de membros das forças de segurança. Há também uma bandeira turca e um calendário com uma frase atribuída ao fundador do país, Ataturk: ‘O solo materno é sagrado. Não pode ser deixado a seu destino’.

As imagens foram feitas no departamento antiterror na cidade de Samsun, onde Samast foi capturado 32 horas após a morte de Dink, e foram alvo de críticas da imprensa nacional. Jornais sugeriram que as fotografias indicam que alguns membros das forças de segurança simpatizariam com os motivos ultranacionalistas alegados por Samast para o crime e o teriam tratado como um herói. ‘Um beijo na testa foi a única coisa que o assassino não ganhou’, afirmou o liberal Radikal. ‘A filmagem prova que o assassino e seus associados não estão sozinhos, que seus apoiadores… penetraram em todos os segmentos do Estado’, escreveu o editor-chefe Ismet Berkan. O popular Vatan ressaltou que as imagens eram ‘tão graves quanto o assassinato em si’.

Ativista

Dink tinha 52 anos e era editor do jornal semanal Agos. De origem armênia, ele era conhecido na Turquia como um apaixonado ativista pela reconciliação armênia e turca e pela liberdade de expressão. A mesma razão que o levou a ser respeitado no país também despertava ódio. Dink falava abertamente sobre a questão do massacre de armênios durante o Império Otomano, no início do século passado – e não tinha medo de classificar publicamente o ocorrido de ‘genocídio’, o que é tabu entre as autoridades. Por tanto, era chamado por nacionalistas de ‘traidor’.

Antes do aparecimento das imagens, a polícia turca já sofria com acusações de que teria recebido uma dica, no ano passado, sobre um plano para matar o jornalista e não teria levado a ameaça a sério. Ela também era criticada por não fornecer proteção especial a Dink, mesmo depois que o editor revelou em artigos no Agos que estava recebendo ameaças e mensagens de ódio. Informações da AFP [2/2/07].