Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Preços e desinformação desestimulam compra

Em uma rápida conversa com consumidores em um shopping center é possível perceber que a TV digital ainda não está ‘na boca do povo’. Apesar de televisores imensos com alta qualidade de imagens terem ganhado ares de ‘sonho de consumo’ em peças de publicidade e nas próprias lojas, muitas pessoas ainda não se sentem estimuladas o bastante para fazer este gasto. A desinformação, a falta de novidades em relação à TV analógica e os preços elevados dos aparelhos parecem ser os principais motivos para este desinteresse.

A servidora pública Débora de Oliveira Lira, por exemplo, comprou uma TV de LCD há três anos e não vê motivos para trocar seu televisor por um novo. Por isso, ela espera que chegue às lojas os conversores externos, opção mais barata em relação a uma nova TV com o receptor digital. Ela acredita que a procura pela nova tecnologia tem sido baixa porque, além dos altos preços dos televisores, as pessoas ainda não compreendem a diferença da tecnologia digital para a televisão analógica. ‘A imagem melhora, mas a gente não se sente estimulado’, diz.

Quando da criação do Sistema Brasileiro de TV Digital, em 2006, o governo brasileiro estipulou – e reafirmou esta semana – que as emissoras devem desligar suas transmissões analógicas em 2016. Para a servidora pública, as pessoas só vão começar a se interessar de fato pela TV digital quando esse prazo estiver próximo. É o que Débora prevê que acontecerá com ela mesma, já que considera a imagem de sua atual TV suficientemente boa.

Mas mesmo quem quer melhorar a qualidade da imagem decide adiar a troca devido ao preço da nova tecnologia. ‘Tenho interesse. A imagem é bem mais nítida’, afirma a cabeleireira Leda Márcia. No entanto, ela ainda não teve condições de comprar um televisor com conversor, que sai por volta de R$ 2 mil nas versões mais simples.

Problemas técnicos

Além disso, tanto Débora quanto Leda não sabem muito bem quais seriam as novidades da TV digital. E elas estão longe de serem casos isolados. Até mesmo quem já comprou uma televisão com conversor não está entendendo bem as diferenças da nova tecnologia. ‘É a moda’, diz o motorista Sérgio da Silva, que se motivou a pagar R$ 3.700 pela nova TV por causa da Copa do Mundo.

Gerente de uma loja de departamentos situada em um shopping de Brasília, Neide Ribeiro tem percebido a desinformação das pessoas em relação ao funcionamento da TV digital. Ela diz, por exemplo, que muita gente interessada em comprar um televisor com conversor mora em cidades aonde o sinal digital ainda nem chegou.

No dia a dia da loja, Neide também tem visto que a procura tem sido maior por televisões com conversor embutido. São poucas as pessoas, por exemplo, que aproveitam a baixa dos preços das televisões de LCD analógicas, pensando em adquirir um conversor externo depois. A diferença de preço entre os dois televisores, com e sem conversor, chega a R$ 800,00 em sua loja.

Na loja onde Neide trabalha, não existem conversores externos à venda. A gerente explica que isso aconteceu porque os que foram comercializados anteriormente apresentaram problemas técnicos. Os aparelhos não estavam lendo corretamente o sinal digital nos televisores de LCD, gerando muitas reclamações dos compradores.