Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Presidente reitera ameaças a canal crítico ao governo

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fez novas ameaças à única emissora de TV de oposição do país, a Globovisión, acusando seus proprietários exilados de tentar desestabilizar o governo. Segundo ele, o acionista majoritário Guillermo Zuloaga e o minoritário Nelson Mezerhane seriam ‘criminosos fugitivos’. Chávez alertou que esperará para ver se eles voltam ao país para tomar uma decisão sobre o destino da Globovisión. ‘Se não voltarem, vamos pensar no que acontecerá ao canal’, afirmou. Zuloaga chegou a ser detido, em março, por agentes de segurança no aeroporto quando saía em viagem com a mulher, tendo sido libertado horas mais tarde, depois de se apresentar a um tribunal.

O governo assumiu o controle do Banco Federal, de propriedade de Mezerhane, alegando que foram detectados, por reguladores, problemas financeiros. Chávez disse ainda que, na medida em que as autoridades confiscam bens para cobrir depósitos supostamente confiscados de clientes, eles podem ir atrás das ações de Mezerhane no canal. ‘Quanto custa a Globovisión? Não representa 1% do que seus proprietários levaram. Eles pegaram muito dinheiro’, acusou o presidente.

Retaliação

A procuradora-geral Luisa Ortega disse que a corte ordenou a prisão de Mezerhane por supostas irregularidades em seu grupo de empresas. Ela informou ainda que autoridades acreditam que ele tenha levado dinheiro depositado por clientes no banco para fora do país.

Mezerhane, que estava na Flórida, nos EUA, quando o governo assumiu o controle do banco no mês passado, classificou a ação como uma retaliação política e disse não ter planos de voltar à Venezuela. Já Zuloaga desapareceu em junho depois que a corte emitiu uma ordem de prisão para ele e um de seus filhos. O empresário foi acusado de agiotagem e conspiração por manter 24 veículos novos guardados em sua casa. Zuloaga é proprietário de diversas revendedoras de carros e acusou os promotores de conduzirem uma briga política a pedido de Chávez.

O presidente venezuelano acusa a Globovisión de conspirar contra ele e tentar prejudicar sua administração, mas nega estar influenciando os promotores. A emissora vem exibindo uma cobertura crítica de um escândalo envolvendo milhares de toneladas de comida encontradas fora do prazo de validade apodrecendo nos depósitos do governo. O canal é o único crítico de Chávez no ar, desde que a RCTV teve suas transmissões interrompidas na TV aberta em 2007 e na fechada em janeiro deste ano. Informações de Ian James [AP, 2/7/10].