O governo italiano decidiu punir na sexta-feira (4/8) jornalistas que publicaram evidências conseguidas através de grampos telefônicos secretos realizados pela polícia, envolvendo personalidades do país, noticia Phil Stewart [Reuters, 4/8/06]. Se o projeto de lei for aprovado no Parlamento, os repórteres e seus editores terão de pagar uma multa de quase US$ 77 mil.
As autoridades terão também de destruir as fitas cinco anos após o fim do processo de apelação e, em casos especiais, permitir que pessoas que tenham tido seus telefones grampeados peçam a destruição das fitas antes deste período. ‘Isto não é de forma alguma eliminar os direitos da imprensa’, opinou o ministro da Justiça Clemente Mastella, acrescentando que as habilidades dos promotores de reunir provas também não seriam prejudicadas. A Ordem dos Jornalistas, conselho dos jornalistas da Itália, condenou a determinação.
Na Itália, 30 milhões de pessoas da população de 60 milhões reclamaram que tiveram seus telefones grampeados na última década, de acordo com um estudo do instituto de pesquisa Eurispes. O projeto de lei serviria para incentivar à redução do número de grampos em todo o país. Os jornalistas pediram ao Parlamento para ‘refletirem seriamente’ antes de aprovar o projeto de lei.
Escândalos
O príncipe Victor Emmanuel, esteve envolvido em um escândalo em junho depois de terem sido divulgadas transcrições telefônicas revelando conversas com temas polêmicos, como sexo, dinheiro e poder.
Antonio Fazio, presidente do Banco Central da Itália, demitiu-se do cargo depois de ser divulgado no ano passado que ele estaria envolvido em uma operação para impedir a compra de bancos italianos por estrangeiros. O caso foi revelado devido a um telefonema grampeado.
A elite do futebol no mês passado esteve envolvida em um escândalo de corrupção, revelado por telefonemas grampeados entre dirigentes dos principais clubes com funcionários da Federação de Futebol da Itália.