Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Pulitzer é concedido pela 1ª vez a site noticioso


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 13 de abril de 2010


 


PRÊMIO


Pulitzer é concedido pela 1ª vez a site noticioso


‘O ProPublica, um site de notícias sem fins lucrativos sediado em Nova York, conquistou um prêmio Pulitzer, na primeira vez na história que a distinção mais cobiçada do jornalismo americano é concedida a uma organização de jornalismo on-line. Os vencedores de 2009 foram anunciados ontem pela Universidade Columbia.


O ProPublica foi um dos vencedores na categoria investigação graças a uma reportagem sobre mortes controversas ocorridas em um hospital de Nova Orleans após a passagem do furacão Katrina, em 2005. A repórter Sheri Fink investigou casos de médicos que teriam dado doses letais de remédios a pacientes que supostamente não poderiam ser salvos das inundações. A reportagem também foi publicada na revista do ‘New York Times’.


O site vencedor foi fundado há dois anos por jornalistas veteranos que se dedicam a fazer investigações que grandes veículos relutam em bancar. O site se sustenta graças a doações. Em outro prêmio inédito para o jornalismo on-line, o site do ‘San Francisco Chronicle’ ganhou o Pulitzer na categoria charge editorial.


Mas o grande vencedor de 2009 foi o jornal ‘Washington Post’, que obteve quatro Pulitzer. Uma das premiações ao ‘Post’, a de comentário e crítica, foi concedida à colunista Kathleen Parker, que escreveu com exclusividade para a Folha em 2008 uma série de textos sobre a eleição presidencial americana daquele ano.


O principal jornal de Washington deixou para trás neste ano o rival ‘New York Times’, que obteve três Pulitzer, entre os quais os de reportagem didática e o de notícia nacional.


Distribuída desde 1917, a recompensa foi instituída a partir do testamento de Joseph Pulitzer, proprietário de jornal que morreu em 1911.


Os premiados, escolhidos por uma comissão de 18 jurados, recebem US$ 10 mil.’


 


 


BANDA LARGA


Editorial


Conexão lenta


‘DEPOIS DE TER se inclinado pela presença direta do Estado na expansão do acesso à internet por banda larga, o governo federal dá sinais de que pretende envolver empresas privadas em seu plano -que evolui em ritmo comparável ao das conexões lentas.


Se antes a Telebrás seria reanimada para assumir a tarefa, pensa-se agora num sistema misto. A rede de fibra ótica já existente ficaria nas mãos de uma estatal, mas a gestão dos serviços passaria à iniciativa privada.


A atuação do setor no Brasil é marcada pela baixa concorrência e pela forte concentração nas regiões Sul e Sudeste, que contam com 80% dos acessos rápidos. Só o Estado de São Paulo possui cerca de 40% das conexões velozes do país. A qualidade dos serviços oferecidos é pior, e os preços são mais elevados do que em outros países -muitos dos quais com características socioeconômicas semelhantes às do Brasil.


São distorções que precisam ser corrigidas. Cabe por certo ao governo tomar medidas nesse sentido, mas o melhor caminho não é o da estatização. Não faz sentido o Estado tomar para si a tarefa empresarial e interferir no mercado como empreendedor.


Embora em alguma medida a presença do poder público possa revelar-se necessária, é desejável que suas ações privilegiem a criação de instrumentos fiscais e regulatórios capazes de induzir à desconcentração, ao aumento da competitividade e ao atendimento de regiões e faixas de renda consideradas pouco atraentes pelo mercado. Além disso, é preciso liberar recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações a que as operadoras têm direito.


A internet é instrumento indispensável à vida contemporânea e a exclusão digital é uma forma perversa de perpetuar desigualdades. O Brasil precisa mudar logo esse panorama.’


 


 


Simone Iglesias e Valdo Cruz


Plano prevê comando misto para banda larga


‘A Telebrás ficará com a responsabilidade pelo gerenciamento do sistema do Plano Nacional de Banda Larga, formando a ‘espinha dorsal’ do serviço, enquanto as empresas de telefonia privada vão explorar a ligação entre a rede pública de cabos de fibras ópticas e as cidades. Na ponta, elas vão competir com os pequenos provedores na venda do serviço ao consumidor final.


Em linhas gerais, essa é a proposta fechada pela área técnica do governo a ser apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos 15 dias. A divisão, segundo assessores da Casa Civil, será da seguinte maneira: a estatal gerencia o ‘backbone’, a rede principal de cabos, e as empresas privadas ficam com o ‘backhaul’, os sistemas de linhas que fazem a conexão dessa rede com as cidades.


O uso da Telebrás depende apenas de uma palavra final da Advocacia-Geral da União por conta das pendências de ações trabalhistas, mas tende a ser favorável. A escolha da empresa pública de telefonia conta com oposição do Ministério das Comunicações e resistências do Ministério da Fazenda, mas é defendida pela Casa Civil e pelo Ministério do Planejamento.


A pasta das Comunicações defende um sistema que seja operado pelas empresas de telefonia, enquanto a Fazenda é a favor do uso de uma estatal, tal como o plano está concebido. Só coloca restrições na escolha da Telebrás por receio de seu passivo trabalhista.


Caberá ao presidente da República bater o martelo, mas ele já deu declarações favoráveis ao uso da Telebrás. Segundo a Folha apurou, o governo preferia montar uma nova empresa pública para administração do plano de banda larga, mas teme as repercussões políticas e as dificuldades que seriam enfrentadas no Congresso Nacional -já que a medida teria de passar pelo Legislativo em ano eleitoral.


Aprovada a proposta da área técnica, o sistema a ser adotado no programa será misto, utilizando consórcios de empresas privadas que poderiam alugar a rede principal de propriedade do governo, operar as ligações da rede com as cidades e vender ao consumidor o serviço de banda larga.


Evitar monopólio


Para operarem no sistema, as empresas privadas do setor terão de seguir regras que vão regular a qualidade e o preço do serviço. Com isso, o governo quer impedir o monopólio e garantir internet com conexão rápida (banda larga) a baixo custo principalmente para as classes de menor renda.


O modelo fechado pelos técnicos não exclui a possibilidade de o governo operar também na venda do serviço ao consumidor final. Isso aconteceria nos locais onde o setor privado não operasse por falta de interesse comercial.


Depois que o programa for aprovado pelo presidente, o governo montará um grupo, que terá a participação do setor privado, para discutir como implementá-lo nos próximos anos. Na administração Lula, devem ser feitos apenas testes em cerca de 300 cidades.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


China & EUA


‘A Casa Branca, destacou o ‘Financial Times’, ‘estava nervosa com a perspectiva de Hu Jintao se ausentar do show nuclear de Obama’. Mas dias atrás, postou a ‘Economist’, ‘a decisão’ de adiar a retaliação à moeda da China ‘assegurou a presença do presidente chinês na cúpula em Washington’.


Ele foi e ontem, na manchete on-line do ‘New York Times’ à noite, ‘EUA dizem que a China vai defender sanções contra o Irã’. Segundo assessores de Obama, ‘os dois concordaram’ e se espera ‘uma resolução em semanas’, da ONU. ‘Wall Street Journal’ e outros foram menos afirmativos, na notícia.


O ‘NYT’ registrou ainda que Obama e Hu ‘discutiram a questão delicada do valor do yuan’, mas não informou se chegaram a um acordo.


ÍNDIA VS. PAQUISTÃO


O Departamento de Estado de Hillary Clinton atravessou o dia, por sites e canais de notícias, apresentando um acordo sobre arsenal nuclear da Ucrânia como resultado concreto da cúpula.


Mas o ‘NYT’, na manchete de papel, havia alertado que os EUA tiraram ‘deliberadamente’ da agenda a ‘escalada na corrida’ entre Índia e Paquistão, iniciada pelo acordo atômico indo-americano, quatro anos atrás. Os dois países foram à cúpula com seus chefes de Estado.


AMIGOS DE GUERRA


Já ‘o maior aliado da América’, como o Reino Unido era visto, segundo a ‘Time’, não mandou seu primeiro-ministro, Gordon Brown -em campanha eleitoral, mas também por ‘raiva de Obama’. Outros ‘fortes aliados’ faltaram: o primeiro-ministro de Israel, o presidente do Afeganistão, o rei da Arábia Saudita.


O site Daily Caller, com repercussão ontem na cobertura, ouviu críticas republicanas à ‘política externa que trata rivais e inimigos melhor do que os amigos’.


CHINA ISOLA BRASIL


A edição de ontem do ‘China Daily’ destacou artigo de Shen Dingli, da universidade Fudan, intitulado ‘Amadurecendo na diplomacia’. Cita a cúpula nuclear e a cúpula Bric, para concluir, na frase destacada:


‘Ao buscar desenvolvimento interno, a China é capaz não só de representar as demandas do mundo em desenvolvimento, mas também de levar em consideração os interesses dos países desenvolvidos.’


Por aqui, a BBC Brasil entrevistou Maurício Cárdenas, do instituto Brookings, de Washington, para quem a concordância da China ‘com novas sanções vai mostrar que as grandes potências mundiais estão preocupadas com a questão nuclear do Irã’ e, portanto:


‘Ignorar esse fato não é a direção a ser tomada por um país [Brasil] que deseja ser potência global’.


‘ERA UMA EMBOSCADA’


O ‘Guardian’ entrevistou o ministro do Meio Ambiente da Índia, para o título ‘Copenhague foi destruída por vazamento de documento’. Segundo o indiano, o chamado ‘rascunho dinamarquês’, que foi publicado pelo próprio ‘Guardian’ no primeiro dia da cúpula sobre aquecimento global, em dezembro, ‘destruiu completamente a confiança’ entre emergentes e países ricos -e levou ao acordo restrito que encerrou a conferência. Ele descreve como ‘o presidente Lula sentou por meia hora e saiu’ de uma reunião ‘porque compreendeu o que estava acontecendo. Era uma emboscada’. Mas os encontros sobre a questão prosseguem, inclusive do Basic, de Brasil, África do Sul, Índia e China.


A ESTRATÉGIA DOS EUA


O mesmo ‘Guardian’ divulgou mais um texto sigiloso sobre aquecimento global, agora com a estratégia dos EUA para os próximos passos, a partir de Copenhague. Como ecoou na home do ‘NYT’, já ontem, o plano americano se contrapõe mais uma vez a ‘China, Índia e Brasil’. Vai buscar a aprovação do documento final de Copenhague pela ONU, sem qualquer alteração, e estabelecer sanções aos que não seguirem os parâmetros.


O texto detalha a estratégia de comunicação, como ‘aumentar o uso de conversas off-the-records’, visando a ‘reforçar a percepção de que os EUA estão engajados’. Também ‘reuniões mais intimistas com ONGs’.


TRANSPOSIÇÃO


Em meio à campanha do cineasta James Cameron contra a hidrelétrica de Belo Monte, ontem a BBC original produziu longa reportagem sobre a transposição do rio São Francisco, que ‘divide’ o Brasil. Mas o enviado a Cabrobó, em Pernambuco, expõe um lado e outro.


& ETANOL


Já a americana ‘Foreign Policy’ postou longa reportagem abertamente contra o programa brasileiro do álcool, sob o título ‘O lado sujo da revolução energética limpa de Lula’. Em suma, ‘o paraíso dos bicombustíveis do Brasil parece mais e mais com uma terra devastada’.’


 


 


TECNOLOGIA


NYT


Empresas preparam disputa contra iPad


‘Da mesma forma que o iPhone abalou a complacente indústria de celular, o iPad, novo aparelho da Apple, está provocando os fabricantes de computadores -e algumas empresas de outros segmentos- a revidar por meio de novos aparelhos.


O Google planeja em breve começar a vender sua versão de computador ‘slate’, semelhante ao iPad, enquanto a Nokia, de celulares, planeja ingressar no mercado de livros digitais por meio de um leitor eletrônico também em formato ‘slate’.


A Microsoft está flertando com a ideia de lançar um computador ‘slate’ próprio, acompanhando fabricantes tradicionais de computadores como a Hewlett-Packard, que já revelaram planos semelhantes.


Em parte, essas empresas estão sentindo a necessidade de reagir ao iPad, que chegou ao mercado no dia 3. Mas as decisões de desenvolver produtos híbridos também demonstram o desejo de expandir suas atividades básicas e de experimentar tipos variados de modelos de negócios e tecnologias.


Acer, Lenovo e Dell têm computadores ‘slate’ em preparação. Mas o maior risco para a Apple pode vir de produtos oferecidos por empresas de fora do setor de computação.


O Google, por exemplo, vem trabalhando com diversos produtores de hardware para promover a adoção do seu software Android, inicialmente criado para celulares. A empresa também espera criar um mercado de aplicativos próprio para os novos tablets. Mas o Google está levando a ideia um passo adiante e explora a possibilidade de fabricar um ‘slate’ próprio, um leitor eletrônico que funcionaria como computador.


Eric Schmidt, presidente do Google, disse a amigos que a empresa está desenvolvendo um aparelho acionado exclusivamente pelo Android. Pessoas que conhecem diretamente o projeto afirmaram que a companhia vem conduzindo experiências ‘em modo sigiloso’, com alguns grupos editoriais, a fim de estudar sistemas de distribuição em formato ‘slate’ para livros, revistas e outras formas de conteúdo.


Para os consumidores, tudo isso pode ser bom, já que mais companhias oferecerão versões de ‘slate’, uma nova categoria de produto eletrônico, em uma disputa aberta de design.


Tradução de Paulo Migliacci’


 


 


FUTURO DO JORNAL


58% dos jornais querem cobrar acesso nos EUA


‘A ideia de cobrar pelo acesso on-line está nas agendas de 58% dos executivos de jornais nos EUA, segundo sondagem do Projeto para Excelência em Jornalismo do Pew Research Center, divulgada ontem.


Opção de alguns dos maiores jornais do mundo, como o britânico ‘Financial Times’, o francês ‘Le Monde’ e os americanos ‘New York Times’ e ‘Wall Street Journal’, a ideia agora entra nos projetos também de jornais locais.


O número de adeptos, no entanto, ainda é restrito -18% afirmaram que seus jornais estão implementando ou estudando a implementação de meios de cobrar pelo acesso. Mas quase dois terços dos executivos têm a ideia na mesa de planejamento. Uma fatia menor, 13%, diz já ter descartado a ideia, enquanto 9% afirmam não ter pensado a respeito.


‘Alguns economistas sugerem que os prospectos de qualquer organização de notícia ter sucesso com a cobrança é muito mais difícil se ela tenta fazer isso sozinha, e não em uma mudança do mercado’, diz o texto.


A sondagem foi feita em dezembro e janeiro com 353 executivos de jornais da Associação Americana dos Editores de Notícia e da Associação de Rádio, Televisão e Notícias Digitais. O Pew aponta um paradoxo: muitos dos executivos estão hesitantes sobre como se financiar, mas dizem que as Redações estão mudando ‘para melhor’, apesar dos cortes.


Em debate com editores no fim de semana em Washington, Eric Schmidt, do Google, negou que haja problema com perda de audiência pelos jornais, e sim com perda de receita. ‘O problema é modelo de negócio, não é de notícia.’’


 


 


VENEZUELA


Flávia Marreiro


Chávez lança ‘guerrilha da comunicação’ para combater as mentiras da imprensa


‘De colete e bonés verde-oliva, 75 jovens venezuelanos juraram nesta segunda-feira, diante dos ministros de Comunicação e Educação, integrar os Comandos da Guerrilha Comunicacional para contrapor ‘a mentira e a desinformação’ difundidas pelos meios de comunicação privados do país.


Os adolescentes formados ontem fazem parte de um programa piloto de um colégio público de Caracas e serão distribuídos em grupos de 25 combatentes. De acordo com o governo Hugo Chávez, eles foram treinados desde janeiro para produzir vídeos, spots de rádio e material impresso.


A partir de setembro, a formação será atividade extracurricular voluntária para alunos da rede pública entre 13 e 17 anos –equivalente a quatro horas acadêmicas.


Para os opositores, o programa usa uma ‘linguagem de ódio’ e ‘confrontação’ ao adotar o termo ‘guerrilha’.


Guerrilha na internet


A guerrilha já está na internet. No Facebook, a comunidade do programa contava com 33 fãs na noite de ontem. Há também um conta no twitter e um blog guerrillacomunicacional.blogspot.com, no qual se ensina passo a passo como preparar matrizes de estêncil para reproduzir imagens sobre a revolução bolivariana e a ‘construção do socialismo’ .


Há até uma versão jovem do herói da independência venezuelana e latino-americana, Simon Bolívar, ‘pai da rebeldia americana’.


Um dos responsáveis pelo blog, Juan Miguel Hernández, 23, explica que o projeto não abarca só estudantes. Ele é um dos agentes do Ministério das Comunas (organizações de base ligadas ao governo) para a formação de multiplicadores do programa. Ele rejeita a ideia de que a ‘guerrilha’ sirva apenas como ‘reação à conjuntura dos meios de comunicação’.


‘Trata-se de dar instrumentos e ferramentas de expressão às pessoas’, diz ele, que garante que temas delicados para o governo, como a crise energética, também podem ser abordados, desde que ‘partam da comunidade’.


O presidente Hugo Chávez, que há alguma semanas criticou a internet e o twitter por espalhar ‘boatos’ e ‘mentiras’ sobre seu governo, anunciou que criaria um blog e instou seus apoiadores a ocupar espaços também na rede.


O lançamento das ‘guerrilhas’ ocorre na semana do aniversário da tentativa de golpe contra Hugo Chávez, em 2002.


Os canais de TV estatais e a Globovisión, que faz aberta oposição ao governo, duelaram durante o fim de semana e ontem em torno da efeméride. À época, a intentona foi apoiada pelas principais redes de TV privadas.’


 


 


TELEVISÃO


Andréa Michael


Programa ‘do bem’ garante audiência para ‘Legendários’


‘Com o discurso unânime de ‘ser do bem’, o apresentador Marcos Mion ancorou com sucesso o ‘Legendários’, grande aposta da Record para 2010. Ficou em segundo na audiência, com dez pontos no Ibope, o que significa cerca de 600 mil domicílios ligados na atração na Grande SP, na noite de sábado -dois pontos mais que ‘House’, que ocupava o horário.


‘Podem até dizer que é brega, mas, do jeito que as coisas estão ao nosso redor, as pessoas precisavam de uma mensagem de respeito, de uma premissa boa, de algo leve. Foi isso que tentamos passar. E acho que conseguimos’, disse Mion à coluna.


O apresentador surgiu no vídeo de branco. Depois, trocou o ‘uniforme’ pelo preto com frisos laranja, o mesmo da equipe de 14 legendários, com o anão Nestor. Entrou no ar, na TV, com transmissão ao vivo pela internet, com João Gordo. Repercutiu no Twitter.


No curso da bem explorada temática ambiental, o ‘Legendários’ também teve momentos de ‘CQC’ e de quadros da MTV. A bancada lembrou o humorístico da Band. Os ex-MTV Hermes e Renato, ainda sem nome na nova emissora, praticamente repetiram o tipo de piada e a linguagem.


‘É muito difícil criar algo 100% original, e não só para mim. É difícil para o ‘CQC’, para a MTV, para todo mundo’, afirmou Mion, que terá como próximo desafio manter o público.


SÉRIES


Mischa Burton fará participação especial no episódio ‘Savior’, de ‘Law & Order: Special Victims Unit’ (Universal Channel), no dia 20 de abril, às 23h. A atriz interpreta Gladys, uma prostituta que pode ser testemunha chave para ajudar os policiais na solução do caso de um serial killer.


PLACAR 1


Foi de 17 pontos a audiência, anteontem à noite, da série ‘SOS Emergência’ (1 milhão de domicílios ligados na atração na Grande SP). Subiu um ponto em relação ao domingo passado, quando estreou na Globo.


PLACAR 2


Imagens do hospital em que atua o núcleo principal do elenco de ‘SOS Emergência’ são filmadas na nova sede da Globosat, na Barra da Tijuca, no Rio.


REVELAÇÕES


O ‘SBT Repórter’ desta quarta leva ao ar reportagem sobre prostituição infantil no município de Oiapoque (AP). Ao repórter Fábio Diamante, o prefeito da cidade, Aguinado Rocha (PP), disse: ‘É um ato de sobrevivência das pessoas’.


BOMBRIL


Dira Paes conta no ‘Marília Gabriela Entrevista’ (GNT), no dia 18 de abril, que produz o Festival de Cinema do Pará, volta aos palcos com ‘Caderno de Memórias’ e ainda escreve histórias infantis.


COPA


O SporTV negocia parceria com operadoras de turismo que fazem pacotes para a Copa. Quer distribuir 200 smartphones aos turistas que aceitarem enviar ao canal imagens do passeio à África.’


 


 


Lúcia Valentim Rodrigues


Após ‘Mental’, Fox estreia série juvenil produzida na Colômbia


‘A Fox resolveu apostar novamente em uma produção colombiana. Após ‘Mental’, que recriava um hospital de Los Angeles em Bogotá, é a vez de ‘Kdabra’, que estreia amanhã no canal com episódio duplo.


São 13 capítulos sobre um jovem de 17 anos que vive em uma comunidade isolada e liderada por seu pai, um religioso fanático.


O garoto, interpretado por Christopher von Uckermann (o Diego da novela ‘Rebelde’), deseja sair de casa e se dedicar à magia, mas sofre com desmaios frequentes e inexplicados.


‘Luca vai para um mundo de pecados, como se fosse Las Vegas, onde todos os vícios estão à disposição. Vamos ver como ele se torna homem’, diz Jorge Stamadianos, vice-presidente de desenvolvimento da Fox.


‘Kdabra’ tem um toque de ‘Crepúsculo’, e a escolha de Uckermann para protagonista busca um público mais jovem.


‘Ele nunca perde a inocência. Mas vamos vê-lo em três etapas diferentes, reagindo a cada mudança de cenário’, conta o cantor-ator, em São Paulo na semana passada.


Nada melhor que mágica para investir no visual, exagerado na medida para explorar esse universo. Os truques, inclusive, são reais. A supervisão ficou por conta de Gustavo Lorgia, um dos magos mais importantes da Colômbia, que também emprestou os aparatos da série.


A série estreia dublada em português, mas Uckermann não tem medo de parecer muito latino. ‘Com o RBD, vimos os fãs aprenderem espanhol. A história cruza fronteiras.’


KDABRA


Quando: amanhã, às 22h, na Fox


Classificação: 16 anos’


 


 


POLÍTICA CULTURAL


Ana Paula Sousa


Cultura na urna


‘Toda eleição eles fazem tudo sempre igual. Prometem empregos e segurança, atiram pedras no telhado do candidato rival e eximem-se de falar sobre planos para a cultura. Mas, desta vez, a estrofe pode mudar.


É que a política cultural acolhe, neste momento, uma das questões que promete ser chave na disputa presidencial: até onde deve ir a mão do Estado?


‘O Estado tem de valorizar a base, e não definir que peça ou disco deve receber patrocínio. Temos de estimular os artistas e não criar camisas de força’, responde o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ). ‘O PT adora centralizar o poder.’


Já a secretária de Cultura do PT, Morgana Eneile, cantarola ‘Era uma casa muito engraçada’ para dizer que, quando Gilberto Gil tomou posse, em 2002, o MinC (Ministério da Cultura) ‘não tinha teto, não tinha nada’. ‘Nos anos do PSDB, o Estado abandonou a cultura.’


Leite e Eneile, enfáticos, surgiram como porta-vozes por indicação dos partidos. Os caciques parecem estar recolhidos. Mas a fala de ambos deixa antever que, no esboço da campanha, a cultura é tratada como possível munição.


‘A discussão entre Estado e mercado ganhou peso por causa dos debates sobre a Lei Rouanet. É inevitável que apareça na campanha’, aposta Sergio Xavier, pré-candidato do PV ao governo de Pernambuco e ex-secretário da pasta de Gil.


Apesar de não terem definido os coordenadores dos programas culturais, os partidos parecem ter claro que, em 2010, não será possível limitar-se à lenga-lenga do ‘vamos fazer centros culturais na periferia’.


Com leis importantes no Congresso, a cultura avançou sobre sobre política e economia e, com isso, foi cercada por diversos lobbies. ‘O Gil passou a tratar a cultura como questão de Estado e eixo de desenvolvimento’, diz o petista Márcio Meirelles, secretário de Cultura da Bahia. ‘Institucionalizou-se o papel do Estado.’


Cultura paternalista


A política atual começou a ser forjada no fim da ditadura. Após enterrar a Embrafilme e enfraquecer a Funarte, grandes estruturas estatais, o país descobriu o elixir das leis de incentivo, preconizadas pela Lei Sarney, de 1986. ‘Decidiu-se que não podíamos mais ter Estado. Saímos do modelo estatal e fomos para uma situação radicalmente oposta’, diz André Sturm, quadro da secretaria de Cultura paulista. ‘Como qualquer extremo se esgota, o Estado começa a voltar.’


O Estado sempre foi o principal financiador da cultura no Brasil, mas, com as leis de incentivo, transferiu para a iniciativa privada a decisão de onde colocar os recursos do imposto que as empresas deixam de pagar. ‘O que temos é investimento público com critérios privados’, diz Sharon Hess, diretora da Articultura, empresa que formata projetos culturais.


A reação a esse modelo partiu dos grupos de teatro. ‘Não tínhamos acesso aos recursos das empresas’, diz Ney Piacentini, da Cooperativa Paulista de Teatro. ‘Queríamos retomar a relação com o Estado, reagir à mercantilização da cultura.’


Do outro lado do palco, uma ala que acabou simbolizada pelo Cirque du Soleil, defende que são, sim, as empresas que devem definir o patrocínio. O terror desse grupo são os concursos e editais públicos.


‘Têm de ser desmistificadas as questões sobre o dirigismo estatal’, diz Hess. ‘A discussão sobre os riscos de intervenção acontecem no mundo todo. Mas há inúmeras maneiras de reduzir os riscos de dirigismo e não deixar a produção à mercê de ideologias políticas.’


Não é o que pensa Otávio Leite :’O PT tende a criar conselhos e beneficiar grupos e castas. Quem não faz parte desses grupos enfrenta problemas’.


Em tom de duelo, Eneile diz que o PSDB entregou a administração das instituições públicas a terceiros, por meio das Organizações Sociais, e faz uma política de eventos. ‘Só querem fazer grandes equipamentos e eventos que criem barulho.’’


 


 


Brasil adere à economia da cultura


‘Foi o escritor Pedro Nava quem constatou: ‘Tudo começou com Capanema’. Pode não ter sido tudo. Mas foi quase.


Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde Pública do governo Getúlio Vargas, ergueu a sede do Ministério da Educação, no Rio, com traçado de Le Corbusier, criou o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Instituto Nacional do Livro e o Museu Nacional de Belas Artes.


Villa-Lobos dedicou a ele a ‘Bachiana nº 5’. Drummond de Andrade chefiou seu gabinete. Mário de Andrade foi um de seus auxiliares mais próximos.


Sem negar a validade da frase de Nava, é importante dizer que coube a Mário de Andrade, em 1935, a criação do departamento de cultura do município de São Paulo. Naquele momento, estabelecia-se que o Estado tinha o dever de oferecer cultura ao cidadão e o poeta modernista tornava-se nosso primeiro administrador cultural.


Oito décadas passadas, Andrade e Capanema são, ainda, as principais referências teóricas da política cultural brasileira. ‘Dentro de um conceito do século 21, a gente tentou retomar a importância que a cultura teve nessa época para a formação da identidade brasileira’, diz o ministro Juca Ferreira. ‘Hoje, sabemos que o Estado é incontornável. Se deixarmos a cultura nas mãos do mercado, o direito de acesso do povo não se realiza plenamente.’


O dilema do mercado


Se com Capanema começa a se desenhar a participação do Estado na cultura e com Mário de Andrade conceituou-se o que é gestão pública, com as leis de incentivo -fortalecidas nos anos 1990 -o Brasil aderiu à chamada economia da cultura.


Além da Lei Rouanet, uma série de leis de incentivo criadas por Estados e municípios injetaram, no setor, dinheiro de imposto das empresas privadas e estatais. ‘O artista ainda tende a esperar o paternalismo, o dinheiro para suas produções’, diz Ney Piacentini, da Cooperativa Paulista de Teatro. ‘Houve um descaso com o público.’


Para Sharon Hess, que trabalha com captação de recursos e fez mestrado em gestão de políticas públicas na Inglaterra, o problema, no Brasil, é que se discute o modelo, mas não a política. ‘O que se quer para a cultura? Essa resposta não está clara’, diz. ‘Para a educação, o governo estabeleceu metas. Por que não fazer isso com a cultura? O que o país quer? Desenvolver políticas de acesso, investir em cultura popular ou em grandes eventos?’


A partir dessas perguntas se estruturaram os três grandes modelos do mundo: o francês, o norte-americano e o inglês.


Na França, cabe quase tudo ao Estado. Saíram dos cofres públicos, em 2009, R$ 7 bilhões destinados a produtores das mais diversas áreas e perfis.


Nos EUA, existem grandes fundações privadas e um mecanismo de renúncia fiscal que, ao contrário do que acontece no Brasil, prevê contrapartida privada. Há, ainda, o dinheiro estatal distribuído pelo National Endowments for the Arts, uma agência federal que procura viabilizar o que, lá, é chamado de ‘excelência’ nas artes. Trata-se, porém, de um volume restrito de dinheiro.


A Inglaterra, por sua vez, prevê R$ 5,3 bi anuais para a cultura, mas não é o Estado, como acontece na França, que cuida de sua distribuição. Existe um órgão intermediário, o Arts Council, formado por especialistas, que tem independência para definir o destino das verbas -desde que cumpra as metas determinadas pelo governo.’


 


 


 


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