A rede de rádio democrata Air America, inaugurada há dois meses para fazer frente aos talk shows conservadores, em especial o de Rush Limbaugh, está tendo dificuldades sérias para decolar, apesar de estar conquistado alguma audiência, segundo mostra reportagem de Jacques Steinberg para o New York Times [31/5/04]. Problemas comerciais fizeram com que suas retransmissoras em Los Angeles e Chicago, dois dos maiores mercados dos EUA, a tirassem do ar. Mas as maiores dificuldades enfrentadas pela companhia são internas.
Cinco altos executivos saíram de seus cargos e veio à tona que o capital inicial levantado com investidores está longe de ultrapassar os US$ 20 milhões, como anunciado em março pelo então presidente, Mark Walsh. Ele mesmo abandonou seu posto porque a companhia não era ‘transparente’. O problema de caixa da Air America pode ser grave: o principal apresentador da rádio, Al Franken, está temporariamente sem receber salário, o que faz dele um ‘investidor involuntário’.
Contrariando as previsões de que os liberais não conseguiriam prender audiência no rádio, a Air America tem surpreendido onde consegue ir ao ar. Em Nova York, por exemplo, abocanhou, no mês de abril, uma fatia de 3,4% dos ouvintes entre 25 e 54 anos no horário das 10h às 15h de dias úteis, por meio da retransmissora WLIB-AM. A WABC-AM, que transmite Rush Limbaugh nesta mesma faixa de horário, ficou com 3,2%. Pela internet, na semana de estréia da Air America, 2 milhões de usuários a ouviram online. O atual presidente da rádio, Jon Sinton, disse que quer aumentar a quantidade de retransmissoras, o que será uma missão difícil, já que há poucas estações à venda e não será fácil encontrar muitas afiliadas que tenham como encaixar em sua grade o bloco de 16 horas diárias de programação que a rede produz.