Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Rei quer acabar com prisão de jornalistas

O governo da Jordânia anunciou, dois dias após a condenação de dois jornalistas por ‘atacar os sentimentos religiosos’, que planeja abolir as penas de prisão por crimes relacionados à imprensa. ‘O governo está comprometido em abolir legalmente as sentenças de prisão para jornalistas’, afirmou o porta-voz governamental Nasser Jawdeh. ‘Esta política já foi claramente expressada pelo rei [Abdullah II] em diversas ocasiões’. Segundo Jawdeh, o governo irá incluir uma cláusula sobre a questão na nova lei de imprensa e publicação que será apresentada ao parlamento.


Na terça-feira (30/5), um tribunal jordaniano sentenciou à prisão dois editores de jornais pela republicação dos polêmicos cartuns do profeta Maomé, considerados ofensivos à religião. Jihad Momani, ex-editor do semanário Shihane, e Hisham al-Khalidi, editor-chefe do tablóide al-Mehwar, foram condenados a dois meses de prisão, informou seu advogado à AFP [31/5/06].


Crime injustificável


Os dois estavam livres sob fiança desde que foram detidos em fevereiro pela publicação dos desenhos, divulgados primeiramente em setembro do ano passado pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten. Os 12 cartuns com representações do profeta Maomé foram republicados por diversos jornais europeus, o que provocou a ira de muçulmanos. A polêmica levou a protestos violentos e chegou a provocar um boicote a produtos dinamarqueses em vários países muçulmanos.


Momeni e Khalidi se declararam inocentes, e irão apelar da decisão. O porta-voz do governo afirmou que ‘o caso dos dois editores em questão não é algo novo, está no sistema legal há meses e a sentença será apelada’. Curiosamente, em fevereiro, o rei Abdullah afirmou que insultar o profeta Maomé era um ‘crime injustificável que não pode ser explicado com o pretexto da liberdade de expressão’.