A organização Repórteres Sem Fronteiras fez um apelo, na semana passada, ao governo do Sri Lanka, para que jornalistas tenham acesso ao norte do país, onde conflitos recentes entre o grupo rebelde Tigres Tâmeis e o Exército teriam deixado dezenas de civis mortos e feridos. ‘Como o Exército em Israel, as autoridades de Colombo decidiram proibir que organizações humanitárias e a mídia trabalhem livremente no norte do país’, afirmou a RSF, em declaração.
Com uma série de vitórias nos últimos meses, o Exército do Sri Lanka cercou os insurgentes em uma área de 300 km² na parte norte da ilha, alegando que estaria mais perto de derrotá-los. Desde 1983, a etnia minoritária tâmil luta pela separação do país, em uma guerra civil que já deixou mais de 70 mil mortos. A proximidade da vitória deixou civis preocupados com um possível aumento no número de mortos em uma área de conflito cada vez mais encurralada. ‘Entre relatórios de uma tragédia humanitária e centenas de vítimas civis, é deplorável que autoridades do Sri Lanka se recusem a deixar a imprensa operar livremente. Também é contraprodutivo, pois deixa que os rumores mais absurdos se espalhem’, ressaltou a RSF. Segundo o Exército, nenhum civil foi morto.
Segurança
Cruz Vermelha, Nações Unidas e outras instituições também expressaram preocupação com as informações de que os rebeldes estariam usando mais de 250 mil civis emboscados como escudos humanos – acusação negada por eles. O porta-voz do Exército, brigadeiro Udaya Nanayakka, afirmou que o Ministério da Defesa não pode dar permissão a jornalistas para viajarem ao território dominado por rebeldes por questões de segurança. ‘Se algo der errado, a culpa vai ser colocada no Exército. Repórteres definitivamente não podem ir à linha de frente porque não podemos garantir sua segurança’.
A RSF pediu ainda pelo fim do assédio e ataques a organizações de mídia e jornalistas que ‘se recusam a apoiar o governo e a solução militar’. De acordo com a Anistia Internacional, pelo menos 14 jornalistas foram mortos desde o começo de 2006. Outros 20 deixaram o país após ameaças de morte. Informações de Vija Joshi [AP, 31/1/09].