Repórteres que cobriam o julgamento de três jornalistas da rede de TV al-Jazeera no Egito foram expulsos do tribunal na sessão de terça-feira [22/4]. Peter Greste, Mohammed Fahmy e Baher Mohammed estão presos desde o fim de dezembro, acusados de espalhar notícias falsas e de ligação ilegal com a Irmandade Muçulmana. Funcionários da rede do Catar foram proibidos de trabalhar no país e, no total, 20 profissionais foram formalmente acusados pela Procuradoria Geral do Egito de ligação com o terrorismo.
Há três semanas, um juiz refutou o pedido de fiança dos três jornalistas. A acusação afirma que eles têm ligação com a Irmandade Muçulmana, facção do presidente deposto, Mohamed Morsi, que foi classificada pelo novo governo como “organização terrorista”.
Na sessão de terça-feira, a promotoria exibiu vídeos da al-Jazeera que, segundo ela, provariam os laços dos funcionários da emissora com a Irmandade. Entre os vídeos estavam filmagens de protestos, entrevistas feitas na rua e uma entrevista com o líder da facção, Essam el-Erian.
Os jornalistas que cobriam o julgamento foram expulsos ao falar com os réus durante o recesso. Diversos profissionais de imprensa presentes expressaram sua surpresa e indignação via Twitter. A correspondente australiana Ruth Pollard afirmou, em uma das mensagens no microblog: “Não acredito que tivemos que sair, mas sentimos que poderíamos ser presos se ficássemos”.
First time journalists expelled from courtroom in AJ trial. Usually allowed to speak to defendants during recess.
— Sharif Kouddous (@sharifkouddous) April 22, 2014
Now standing in area outside courtroom. Cannot believe we had to leave but it felt like we may have been arrested if we stayed. #AJtrial
— Ruth Pollard (@rpollard) April 22, 2014
Repórteres que esperaram do lado de fora do tribunal acabaram entrando de volta na sessão, com a ordem de que não falassem mais com os acusados – que ficam trancados em jaulas.
Mais uma vez, o pedido de fiança foi negado. O julgamento foi adiado para 3/5.
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