Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Repressão policial assusta jornalistas

A polícia egípcia atacou diversos jornalistas locais e correspondentes internacionais que cobriam a quarta rodada das eleições parlamentares no sábado (26/11), confiscando e danificando seus equipamentos de trabalho, noticia a Reuters [27/11/05].


Centenas de policiais que controlavam os tumultos impediram que manifestantes contrários ao governo chegassem aos locais de votação. Eles também prenderam mais de 800 partidários da Irmandade Muçulmana, principal grupo islâmico do Egito, que ganhou um grande número de vagas na sua representação no Parlamento nas primeiras rodadas das eleições.


A polícia egípcia intimidou jornalistas no passado, mas ataques físicos têm sido raros, especialmente se ligados a profissionais estrangeiros ou àqueles que trabalham para empresas de mídia internacionais.


Violência e repressão


Mohammad Taha, um egípcio que trabalha para a BBC, afirmou que um policial o atingiu quando ele relatava ao telefone a violência nas eleições no delta do Nilo. ‘Eu estava falando como os policiais estavam tratando as pessoas que estavam indo votar, batendo neles com cacetetes e usando máscaras de gás. Então, um dos policiais me ouviu e me agarrou pelo pescoço enquanto eu falava ao vivo para Londres’, contou o jornalista, que teve posteriormente partes de seu celular confiscadas e seu fone de ouvido quebrado.


O jornalista da Reuters Tom Perry foi levado sob custódia depois de tentar tirar uma foto. ‘Eu estava com minha câmera para fazer uma foto de uma fila de pessoas que esperavam para votar – e estavam sendo impedidas de ter acesso às urnas pelos policiais – e eu não tinha nem focado quando um homem com trajes civis me agarrou e pegou minha câmera. Fui levado a uma delegacia e tive minha câmera de volta, mas sem o cartão de memória’, relatou Perry. Ambos os jornalistas estavam credenciados pela imprensa oficial do governo.


Em um dos mais graves incidente durante o turno anterior de votação, a polícia deteve por sete horas um fotógrafo do jornal egípcio Al-Masry Al-Youm, um dos dois diários independentes lançados nos últimos dois anos no país. Ele ainda teve de esperar três dias para ter sua câmera de volta.


Os profissionais da mídia concordam que o nível de intimidação e violência contra a imprensa aumentou desde o começo das eleições. A votação de sábado foi a segunda fase do segundo turno. Resta ainda uma nova fase com dois turnos.