Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Revista publica foto de Diana agonizando

Passados quase nove anos, a morte da princesa Diana continua a causar polêmica. Na ocasião do acidente de carro em Paris, paparazzi foram acusados de provocar uma perigosa perseguição para flagrar a princesa com seu namorado, Dodi al Fayed; o pai dele, empresário egípcio dono da tradicional loja Harrods, em Londres, levantou a hipótese de conspiração e assassinato; e até rumores de que Diana estaria grávida surgiram na imprensa. Agora, o trágico acidente volta à pauta, impulsionado pela publicação, em uma revista italiana, de foto da princesa logo antes de morrer, nas ferragens do automóvel.

A divulgação da imagem pela revista semanal Chi, na semana passada, causou revolta no Reino Unido. Os príncipes William e Harry, filhos de Diana com o herdeiro do trono britânico e usualmente fechados à imprensa, distribuíram declaração criticando a revista – que publicou também detalhes da autópsia da princesa. No comunicado, os dois jovens pedem à imprensa do mundo inteiro que entenda que a publicação deste tipo de material causa grande dor a eles, a seu pai, à família de sua mãe ‘e a todos que a amavam e respeitavam’.

Mistérios, mentiras e polêmica

A Chi, com sede em Milão, defendeu a decisão de estampar a polêmica imagem. ‘Não há nada de voyeurístico ou que falte ao respeito nisso. É apenas uma tentativa de encontrar a verdade de um drama que continua enrolado em muito mistério e muitas mentiras’, afirmou um porta-voz da revista.

Os sensacionalistas tablóides britânicos, que divulgavam cada passo da vida de Diana, nunca publicaram fotos de sua morte, mantendo este tabu por quase uma década. Na sexta-feira (14/7), eles se uniram na condenação à Chi. O Sun, diário mais vendido no país, reproduziu a imagem mas apagou a parte onde aparece a princesa, e afirmou que a revista italiana deve se sentir envergonhada por sua ação. O Daily Express declarou que a publicação da imagem é um insulto à memória de Diana.

Ofensiva, não. Tocante

O editor da Chi Umberto Brindani rebateu as críticas, dizendo que a foto não é ofensiva, e sim ‘tocante’ e ‘delicada’. ‘Eu publiquei a imagem por uma razão muito simples – ela nunca havia sido vista’, completou Brindani. ‘Na minha opinião, não é uma imagem ofensiva à memória da princesa Diana. Como uma revista informativa, nós meramente reportamos a publicação de um livro na França sobre a morte de Diana.’ A imagem em preto e branco da princesa, dentro do carro, recebendo oxigênio, acompanhava um artigo sobre o livro Lady Diana: a Investigação Criminal, do francês Jean-Michel Caradec’h, que também trará imagens tiradas logo após o acidente em Paris.

Após o furor causado pela Chi, autoridades italianas resolveram proibir que a imprensa local publique mais detalhes sobre a autópsia de Diana. A divulgação das informações ‘claramente viola a dignidade da pessoa em questão’, afirmaram as autoridades, ressaltando que o código de ética dos jornalistas e as leis de privacidade proíbem a publicação de dados médicos mesmo após a morte da pessoa. Informações de Peter Graff [Reuters, 14/7/06], Chris Tryhorn [The Guardian, 14/7/06] e AFP [15/7/06].