Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Rússia expulsa correspondente do Guardian

O correspondente do diário britânico Guardian em Moscou, Luke Harding, foi expulso da Rússia depois da publicação de reportagens sobre o vazamento do WikiLeaks com alegações de que o país, sob o governo de Vladimir Putin, teria se tornado um ‘Estado mafioso virtual’. Harding voltou a Moscou no final de semana, após ter ficado dois meses em Londres para analisar o conteúdo dos vazamentos, mas teve sua entrada negada. Depois de ficar 45 minutos preso em uma cela no aeroporto, foi enviado de volta para o Reino Unido, no primeiro avião disponível – com seu visto cancelado e seu passaporte devolvido apenas dentro da aeronave. O jornalista não recebeu nenhuma justificativa para sua expulsão. Segundo Dan Sabbagh, em artigo no próprio Guardian [7/2/11] sobre o ocorrido, é a primeira expulsão de um jornalista britânico de que se tem notícias desde o fim da Guerra Fria.


Violação


Para Alan Rusbridger, editor-chefe do Guardian, trata-se de uma violação séria da liberdade de expressão. ‘É preocupante que o governo da Rússia deva expulsar repórteres que não aprove. Estamos tentando saber mais detalhes do caso’, disse. William Hague, secretário do Exterior britânico, entrou em contato com o secretário do Exterior russo, Sergei Lovrov, em um esforço para entender o que pode ter acontecido.


O último jornalista britânico a ser expulso da Rússia foi o correspondente do Sunday Times Angus Roxburgh, em 1989, em retaliação pela expulsão de 11 espiões russos de Londres por Margaret Thatcher. Meses depois, ele voltou ao país, após a queda do comunismo, trabalhando para a BBC.


Depois da primeira divulgação dos vazamentos, Harding co-escreveu o livro WikiLeaks: dentro da guerra de Julian Assange sobre o sigilo. ‘Não fui para a Rússia com um objetivo em particular, mas estou triste de deixar o país sob estas circunstâncias. Mas não acho que jornalistas possam aceitar autocensura’, desabafou.