Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Sátiras políticas fazem sucesso na TV libanesa

Conflitos políticos, ameaças de bomba e confrontos violentos não desanimam os comediantes libaneses; pelo contrário, eles defendem a máxima de que se deve ‘rir para não chorar’ quando o assunto é a conturbada situação política do país e a eterna briga com a vizinha Síria. Programas humorísticos que satirizam figuras políticas fazem sucesso na TV do Líbano, onde quase todos os grandes partidos possuem emissoras.


Material há de sobra, e o sucesso dos programas é tanto que alguns canais chegam a exibir três deles por dia. ‘É melhor morrer de rir do que morrer’, brinca o comediante Andre Jadaa, que comanda, junto com sua trupe, o 14 ou 18, do canal LBC. Jadaa não perde a piada. ‘Em 25 anos, nossa trupe já mudou, ao contrário da cena política libanesa. Mesmo quando algum líder morre, seu irmão, mulher ou filho o sucede’, diz, ressaltando que, diante da situação, é mais negócio ter um ataque de riso do que um ataque de nervos. O nome do programa se refere às tensões entre as duas principais facções políticas do país: a maioria parlamentar apoiada pelo Ocidente conhecida como ’14 de março’ e a coalizão liderada pelo Hezbollah e apoiada pelo Irã e Síria, conhecida como ‘8 de março’.


Resposta


No canal OTV, que pertence ao líder do ‘8 de março’, Michel Aoun, há um programa com uma câmera escondida que tem políticos como alvo de ‘pegadinhas’. Programas humorísticos também são exibidos na New TV e na Future TV, ambas aliadas da maioria parlamentar. O mais recente dos humorísticos é o Duma Cratia – brincadeira com as palavras ‘democracia’ e ‘boneca’ –, exibido no LBC, que tem marionetes como estrelas. ‘Uma piada pode transmitir uma mensagem de modo mais eficiente que um discurso moral’, opina o criador do show, Sharbel Khalil.


Apesar dos constantes conflitos políticos e do histórico de violência, as produções cômicas conseguem, em sua maioria, evitar repercussões negativas. Mas os humoristas não estão imunes a algumas respostas mais incisivas. Em junho de 2006, dezenas de aliados do Hezbollah queimaram pneus e bloquearam estradas em Beirute quando o ator Jean Boujadaoun imitou o líder do grupo, Hassan Nasrallah, no programa Basmat Watan – cujo nome também é uma brincadeira de palavras, e pode significar tanto ‘os sorrisos da nação’ como ‘quando a nação morreu’. ‘Eu fiz uma paródia de um líder político. Ele não é uma autoridade religiosa’, afirma Boujadaoun, que desde então não ousou interpretar o líder novamente. Informações da AFP [10/10/08].