Um segundo jornalista russo foi espancado esta semana, dois dias depois de um repórter de Moscou ter sido colocado em coma induzido após uma violenta agressão. Anatoly Adamchuk foi atacado por dois homens em frente à redação do semanário Zhukovskiye Vesti, nos arredores da capital, na manhã de segunda-feira [8/11]. Ele foi internado com uma concussão. No sábado [6/11], o jornalista Oleg Kashin, do diário Kommersant, foi agredido, também por dois homens, na entrada do edifício onde mora. A surra foi tão forte que Kashin teve os dedos esmagados, a perna quebrada, o maxilar destroçado e uma fratura no crânio.
Motivos
Ainda não foram determinadas as motivações para os ataques. Em comum, os dois jornalistas estavam envolvidos na cobertura sobre os esforços de ativistas e ambientalistas para evitar a destruição de florestas em torno de Moscou para a construção de rodovias. Na semana passada, um ativista que tentava proteger a floresta de Khimki também sofreu um ataque, tendo o crânio fraturado. A construção de rodovias é considerado um dos setores mais corruptos do país. Políticos e empresários envolvidos na atividade, por receio de perder seus lucros, podem ver em ativistas e jornalistas uma ameaça direta.
Kashin também escrevia sobre o crescente extremismo de grupos jovens nacionalistas, e havia sido chamado por um deles, recentemente, de ‘jornalista-traidor’. O ataque, no fim de semana, foi filmado por uma câmera de segurança, e as imagens ajudaram a chamar a atenção do país para o problema. Governos estrangeiros, como o dos EUA, também divulgaram nota pedindo que as autoridades russas façam justiça. O presidente Dmitry Medvedev prometeu que os agressores serão encontrados e punidos, e disse estar claro que a agressão a Kashin teve ligação com seu trabalho. ‘Carteiras não costumam ser roubadas desta maneira’, afirmou, descartando a possibilidade de um assalto. Com informações da AP [8/11/10].