Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Seis meses após os Jogos, repressão ainda é forte

Seis meses depois dos Jogos Olímpicos realizados em Pequim, em agosto passado, a organização Repórteres Sem Fronteiras fez um apelo, em seu sítio [5/2/09], para que as autoridades chinesas libertem ativistas pela liberdade de expressão e outros cidadãos ainda presos por conta de supostas irregularidades.

Jornalistas estrangeiros continuam a gozar das regulamentações menos rígidas implementadas por conta das Olimpíadas, mas pelo menos 17 repórteres, blogueiros e ativistas chineses foram presos desde o fim dos Jogos. No total, 79 dissidentes permanecem encarcerados na China.’Para centenas de chineses, o legado olímpico é medido em anos na prisão, sanções administrativas e vigilância política’, afirma a ONG.’Isto é degradante para o movimento olímpico, mas as autoridades ainda têm uma chance de mudar a situação se libertarem aqueles que foram presos por expressar seus pontos de vista sobre as Olimpíadas’.

A organização acrescentou ainda que é deplorável que a melhora ao acesso aos sítios de internet, um dos benefícios obtidos com os Jogos, tenha sido retirada. Está claro que o legado de direitos humanos prometido pelo governo e pelo Comitê Olímpico Internacional é extremamente escasso. Quando compareceu à cerimônia de abertura dos Jogos, o presidente francês Nicolas Sarkozy entregou às autoridades, em nome da União Européia, uma lista com pedidos de libertação de prisioneiros políticos. Até agora, nenhum nome da lista foi solto.

Diversos incidentes envolvendo jornalistas estrangeiros foram reportados no último semestre. O mais sério foi um ataque à equipe da emissora belga VRT, que fazia uma reportagem sobre epidemia de Aids na província de Henan. Os jornalistas foram espancados e roubados por homens recrutados por autoridades da província. Além disso, vários dissidentes que falaram com a mídia estrangeira sobre os Jogos foram punidos. O Clube de Correspondentes Estrangeiros na China registrou 178 casos de jornalistas estrangeiros que tiveram seu trabalho interrompido em 2008; 63 deles durante as Olimpíadas.’Jornalistas estrangeiros ainda têm relativa liberdade para trabalhar, graças à renovação de regras mais flexíveis, mas ainda assim encontram obstáculos quando tentam cobrir atividades de dissidentes, a situação das empresas afetadas pela crise e o Tibet’, alerta a RSF.