Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Serviço de inteligência criticado por espionar jornalista

O Serviço Federal de Inteligência alemão (BND) foi duramente criticado por uma comissão parlamentar que investiga atividades dos serviços secretos do país depois que descobriu-se que ele teria monitorado ilegalmente uma troca de e-mails entre uma jornalista e um ministro afegão.


Na semana passada, o chefe da agência de inteligência, Ernst Urlau, desculpou-se com a repórter Susanne Koelbl, da revista Der Spiegel. Mensagens eletrônicas de Susanne trocadas com o então ministro da Economia do Afeganistão, Mohammad Amin Farhang – que era o alvo da operação -, foram lidas por agentes do BND de junho a novembro de 2006. Não foi informado qual era o interesse da agência em Farhang, que tem passaporte alemão, viveu por vários anos no país e hoje é ministro do Comércio do Afeganistão. Segundo a Der Spiegel, o ministro serviu, nos últimos anos, como fonte anônima para diversos artigos – e permitiu que, agora, a revista revelasse seu nome.


A comissão parlamentar alegou ser inaceitável o fato de Urlau não ter informado ao governo alemão sobre a investigação, mas não pediu sua saída do cargo. Foi criticado também o fato de agentes do alto escalão do BND só terem tomado conhecimento do caso um ano após a operação, o que constitui violação da política interna da agência.


Críticas


A Der Spiegel classificou a espionagem de ‘grave violação da liberdade de imprensa’ e ameaçou abrir uma ação legal contra o BND. O diário alemão Berliner Zeitung afirmou esta semana que o BND teria espionado as atividades de outros jornalistas alemães no Afeganistão. Ulrich Tilgner, ex-correspondente no Afeganistão de uma emissora pública alemã, contou ao jornal que um diplomata alemão o alertou de que ele estaria sendo monitorado por causa de seus contatos com os seqüestradores de um engenheiro alemão. A agência negou a acusação.


Esta não é a primeira vez que o BND é criticado por seus métodos de trabalho. Em 2006, o órgão também foi alvo de uma investigação parlamentar porque estaria espionando jornalistas alemães para descobrir fontes internas de vazamento de informações para a imprensa. No mesmo ano, foi criada uma comissão para investigar alegações de que os serviços secretos do país teriam ajudado a CIA durante a invasão americana do Iraque, em 2003 – assistência que o governo do chanceler Gerhard Schroeder havia desencorajado vigorosamente. Este mês, o BND admitiu que sabia – e que falhou em não contar ao governo – que oficiais da polícia alemã teriam treinado em sigilo agentes de segurança da Líbia.