Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Sucursal da al-Jazira fechada no Iêmen

Autoridades do Iêmen ordenaram o fechamento da sucursal da al-Jazira no país e a retirada das credenciais de seus jornalistas, após uma semana de represália à emissora, noticia o Comitê para a Proteção dos Jornalistas [24/3/11].


Segundo Saeed Thabit, chefe do escritório da al-Jazira na capital Sana, um funcionário do Ministério da Informação lhe informou do fechamento por telefone, mas não deu nenhuma razão específica. O vice-ministro da Informação, Abdu al-Gindi, afirmou que a emissora tornou-se um canal ‘que incita revoluções’.


A al-Jazira vem oferecendo uma cobertura extensa das manifestações que ameaçam o governo de 33 anos do ditador Ali Abdullah Saleh. O fechamento da sucursal ocorreu dois dias depois de 20 policiais armados à paisana, com os rostos cobertos, invadirem o local. Eles confiscaram equipamentos e impediram as operações. O cinegrafista Walid al-Miqtari teve a câmera confiscada, foi agredido e ameaçado em frente ao prédio da emissora.


Na semana passada, dois correspondentes da al-Jazira foram expulsos do país. Esta semana, partidários do governo atacaram o cinegrafista Mujib al-Suwailah, quando ele começava a gravar as manifestações em Ta’iz, a terceira maior cidade do Iêmen. O ataque foi tão severo que quebrou seu braço. Ele teve de passar por uma cirurgia e continua no hospital.


Ameaças frequentes


Funcionários da al-Jazira relataram inúmeras ameaças de morte e de violência física contra eles e seus familiares. A última foi feita por meio de um telefonema anônimo para Ahmad al-Shalafi, um dos correspondentes da emissora em Sana, e foi direcionada a seus filhos. ‘Não estamos mais em nossa casa. Estamos nos escondendo em diversos locais no Iêmen’, desabafou o jornalista.


Em poucos dias em março, o país expulsou seis outros jornalistas internacionais. O Sindicato dos Jornalistas do Iêmen registrou 60 ataques individuais à mídia – como sequestro, assassinato, agressões físicas, confisco de equipamentos e ameaças de morte – desde o começo das manifestações, em janeiro.