Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

‘Times’ é primeiro jornal obrigado a publicar correção na primeira página

jornais Reino UnidoO britânico The Times tornou-se o primeiro jornal impresso a ser obrigado pelo Ipso a publicar uma correção na primeira página. O novo órgão regulador da imprensa no Reino Unido decidiu que um artigo publicado em abril, duas semanas antes das eleições gerais, sob o título “O imposto de mil libras do Partido Trabalhista para as famílias”, trazia uma manchete enganosa. O Ipso também considerou equivocada a primeira sentença do texto: “Ed Miliband irá colocar encargos de mais de mil libras, equivalentes a impostos extras, sobre cada família trabalhadora”.

Apesar do Times ter admitido, no início de maio, a imprecisão do artigo e feito as devidas correções no espaço dedicado aos erros publicados pelo jornal, o Ipso decidiu que a correção merecia um destaque maior. O órgão chegou a reconhecer o ato de “boa fé” do Times ao publicar a correção antes das eleições gerais, porém isso não foi suficiente para o jornal se livrar da punição. Um trecho da correção foi publicado na parte inferior da primeira página do Times e a íntegra na página 28.

De acordo com Matt Tee, executivo-chefe do Ipso, o órgão levou em conta a gravidade do erro e a necessidade de dar a devida relevância para a correção. “Hoje foi a primeira vez que uma decisão do Ipso evocou suas novas regras para obrigar uma publicação nacional a fazer referência a uma correção em sua primeira página. Ao avaliar o requerimento ‘devido destaque’, o comitê levou em conta o destaque dado ao artigo original e a seriedade da violação para decidir que o destaque dado à correção não havia sido suficiente.”

É comum jornais publicarem correções nas páginas internas, mas, de acordo com as novas regras do Ipso, que foram aprovadas pelos publishers, os erros mais graves terão que receber um destaque maior.

Regulação em debate

O Ipso (Independent Press Standards Organisation – Organização Independente de Padrões da Imprensa) foi criado, em setembro de 2014, por iniciativa da indústria jornalística para substituir a Press Complaints Commission (Comissão de Queixas à Imprensa) como órgão de regulação independente. O órgão não tem o apoio total da indústria, no entanto. Fazem parte dele grandes grupos britânicos, como Associated News, News UK e Trinity Mirror, mas decidiram ficar de fora veículos de peso como o jornal Financial Times e as editoras que publicam o Guardian e o Independent.

A regulação da imprensa no Reino Unido vem sendo bastante discutida nos últimos anos, principalmente por conta do escândalo dos grampos telefônicos no extinto tabloide News of the World. Após a descoberta, em 2011, de milhares de grampos no jornal em busca de furos, foi aberto um inquérito para avaliar os padrões de qualidade da imprensa. Desde a conclusão do inquérito, governo e indústria discutem e – na maioria das vezes – discordam sobre a melhor maneira de regular o setor.