Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Twitter potencializa críticas à transmissão americana dos Jogos

 

A NBC achou que transmitir ao vivo via streaming (na internet) todos os eventos esportivos dos Jogos Olímpicos eliminaria as críticas sobre a transmissão em delay (na TV) de algumas modalidades, comenta Richard Sandomir em artigo no New York Times [30/7/12]. Entretanto, na era digital, fãs aflitos usam as redes sociais para protestar de um modo como nunca havia sido possível – e fazem um barulho alto.

O Twitter potencializou as queixas contra a rede americana, com usuários expressando a insatisfação sobre o atraso na transmissão usando a hashtag #nbcfail (algo como fracasso da NBC). É difícil, no entanto, avaliar se estes tuítes representam uma minoria ou se são uma mostra de um problema consideravelmente maior – para a rede, trata-se da primeira hipótese.

A ira contra o #nbcfail foi rebatida no domingo (29/7), quando Vivian Schiller, contratada recentemente pela NBC como diretora de produtos digitais, retuitou uma mensagem que dizia que “a medalha para os mais chorosos das Olimpíadas vai para todos os que estão reclamando sobre o que acontece a cada quatro anos: delay na transmissão”, escrita por Jonathan Wald, produtor executivo do Piers Morgan Tonight, da CNN. Vivian, ex-executiva do New York Times que pediu demissão da NPR em meio a uma controvérsia, rapidamente tornou-se o símbolo corporativo da raiva em relação às queixas sobre o atraso da transmissão na TV da cerimônia e dos eventos dos Jogos.

Reclamação constante

De certo modo, Vivian não está errada: reclamar sobre o atraso na transmissão parece ter virado modalidade olímpica. Mas os fãs também não estão errados em expressar seu descontentamento do que é um vestígio da produção televisiva dos anos 60.

A redes que transmitem as Olimpíadas costumam segurar a programação até o horário nobre para ter índices maiores de audiência e otimizar a publicidade, a fim de arcar com as despesas com os direitos de transmissão, cada vez mais altas – a NBC pagou quase R$ 4 bilhões pelos direitos nos EUA. Fãs, entretanto, logo começaram a reclamar. Grandes esportes são sempre transmitidos ao vivo – por que com as Olimpíadas seria diferente?

Além do mais, com as ferramentas disponíveis na NBC – redes múltiplas e internet –, é possível transmitir as Olimpíadas ao vivo. Ainda assim, a emissora depende economicamente do horário nobre. Em Londres, 40,7 milhões de telespectadores assistiram à cerimônia de abertura pela TV e 28,7 milhões estiveram de olho na primeira competição do sábado. Os que estão odiando os atrasos não estão assistindo ao evento ou são parte relutante da audiência?

Falhas

Muitos reclamaram no Twitter que não querem ouvir que o problema é na sua conexão ou nos computadores pelo fato de os vídeos congelarem, pixelarem ou demorarem para carregar. A NBC não fez nada para alertar os fãs de que estes problemas poderiam ocorrer – o que deveria ser postado na página criada para os Jogos, próximo ao local de acesso aos vídeos. “Estamos tendo um tremendo sucesso com nossas ofertas digitais”, disse Greg Hughes, porta-voz do NBC Sports Group. “E também estamos tendo algumas dificuldades – algumas nossas, algumas com nossos usuários. Estamos trabalhando para dar a todos uma boa experiência digital. Um número pequeno de reclamações, considerando o grande número de usuários, é um sinal positivo”.

No sábado (28/7), primeiro dia de competição, foram exibidos sete milhões de vídeos, em comparação a 1,6 milhão dos Jogos de Pequim. O número total de vídeos ao longo do dia – incluindo destaques e replays – foi de 13,2 milhões, comparado aos 5,2 milhões quatro anos antes.

Em alguns esportes, como natação e ginástica, a transmissão via streaming não é interrompida e não há replays até a exibição em delay na NBC. Na realidade, os vídeos não estão disponíveis para serem reprisados online até que tenham sido exibidos na Costa Oeste dos EUA. Por trás desta estratégia, há o velho objetivo de guardar o melhor da programação para o horário nobre. “O problema da NBC, como para outras mídias, é tentar preservar modelos de negócios antigos em uma nova realidade”, escreveu Jeff Jarvis, em sua coluna no Buzz Machine. 

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