Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Twitter protagoniza cobertura instantânea

Como em outros grandes eventos dos últimos anos, a internet teve movimentação intensa logo após os atentados terroristas na Índia, na quarta-feira (26/11). Blogueiros locais passaram a distribuir informações sobre os ataques, milhares de fotos da destruição foram postadas em sítios de compartilhamento de imagens como o Flickr, e o microblog Twitter, que permite o envio de mensagens de até 140 caracteres, foi lotado de notícias e mensagens indignadas.


Os ataques em Mumbai, coração financeiro da Índia, foram coordenados. Os terroristas, armados e com explosivos, fizeram ações em sete pontos, deixando mais de 140 mortos e 250 feridos. Foram atacados dois hotéis, um centro judaico, um hospital, um cinema, um café histórico e uma estação de trem. Centenas de pessoas foram mantidas reféns nos hotéis e no centro judaico. O obscuro grupo Mujahedin do Deccan enviou mensagens à imprensa alegando a responsabilidade pelo atentado.


Diante do fraco sistema de saúde indiano, muitos blogs se organizaram para ajudar as vítimas. O Mumbai Met Blog divulgou uma lista com números de telefone de hospitais, encorajando os leitores a doar sangue. O Mumbai Help ofereceu dicas para pessoas com amigos e parentes na cidade, sugerindo que evitassem tentar telefonar, pois as linhas, congestionadas, estavam prestes a sofrer um colapso.


Microblogging


Em apenas cinco segundos, minutos após as explosões, o Twitter contabilizou 80 mensagens sobre o tema, com ofertas de ajuda à imprensa e detalhes sobre o ocorrido. A velocidade e a intensidade do diálogo no microblog – onde as mensagens podem ser enviadas por telefone celular – chegou a levantar temores de que o excesso de informações poderia ser útil aos terroristas, que ainda mantinham reféns. Houve críticas na própria blogosfera. ‘Isso é um ataque terrorista, não é entretenimento. Então por favor, ‘twetters’, sejam responsáveis com suas mensagens’, alertou um blogueiro. O governo indiano, preocupado com a quantidade de informação espalhada, chegou a pedir que o Twitter fosse temporariamente bloqueado no país.


‘A força do Twitter para divulgar detalhes do que está acontecendo pode servir de lição para grandes organizações que tentam acompanhar emergências de grande escala’, afirma Charles Arthur, do Guardian [27/11/08]. Para o analista de mídia Cherian George, eventos como os ataques de Mumbai revelam a necessidade, no mundo moderno, do jornalismo participativo e do conteúdo gerado pelo usuário comum.


Efeito similar ocorreu no tsunami que devastou o Sudeste Asiático, em dezembro de 2004, e no atentado ao metrô de Londres, em 2005. Munidos de câmeras digitais ou celulares que filmam e tiram fotos, pessoas que presenciam fatos desta magnitude têm uma poderosa arma nas mãos. ‘Se o evento é grande e afeta um grande número de pessoas, seria fisicamente impossível que uma grande organização de notícias conseguisse monitorar todos os aspectos da situação’, afirma George. ‘Isso mostra o grande potencial do conteúdo gerado por cidadãos dentro da mídia tradicional’. Com informações da Reuters [27/11/08].