Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Um jogo de imagens e palavras

Comparados aos meios de comunicação impressos, os veículos eletrônicos de comunicação levam algumas vantagens sobre os meios impressos. A primeira delas refere-se à capacidade de abolir a barreira do tempo. Imediatos, rádio e televisão noticiam os fatos no mesmo tempo em que eles ocorrem, eliminando o intervalo que separa o acontecimento de sua divulgação pela mídia.


Aos veículos impressos, cabe a função de aprofundar-se na divulgação e análise dos acontecimentos: causas, consequências, acontecimentos paralelos, diferentemente da TV ou do rádio.


O espaço, hoje, também é outro obstáculo superável pelo rádio e TV. As transmissões via satélite possibilitam o desenrolar de um evento a milhões de pessoas nos mais diferentes recantos, rompendo assim as fronteiras lingüísticas e culturais, tornando viável o sonho de ‘aldeia global’.


Porém, custos operacionais e aparelhagem técnica simples permitem ao rádio a realização de coberturas jornalísticas mais ágeis que a televisão, além da vantagem de divulgar a notícia em primeira mão, antes de qualquer outro meio de comunicação, pois pode ser recebida em várias situações: na rua, em casa, no carro, no trabalho. Em compensação, a televisão tem um trunfo, a imagem, que a qualifica como o meio de comunicação mais fascinante: possui um potencial de mobilização inigualável.


Devido ao seu custo operacional, às vezes a TV apropria-se da técnica jornalística radiofônica: notícias são transmitidas pelo relato verbal que cobre imagens fixas.


Outra questão a ser destacada refere-se ao próprio processo de captação e transmissão de notícias. Algumas pessoas, a serem entrevistas podem sentir-se inibida, ou ao contrário, tornarem-se verdadeiras ‘papagaios de pirata’, posam diante das câmeras como se fossem ‘estrelas’ de um programa de ficção. A situação se agrava ainda mais quando os fatos ocorrem em locais públicos. A presença da televisão desencadeia comportamentos imprevisíveis, despertando, nas pessoas focalizadas, um impulso irresistível para a vocação de interpretar personagens de uma peça teatral ou filme, a fim de aparecer na telinha, no jornal da noite.


A TV é exibicionista, tornando difícil, principalmente o trabalho do jornalismo investigativo.


Outra característica própria do veículo é a prevalência da imagem, daí a importância do câmera. Não existe o eu na televisão e o jornalista, sozinho, não faz nada. A reportagem, para dar certo, precisa do repórter, do cinegrafista, do iluminador e do operador de áudio, e contar com o entrosamento e a afinidade da equipe.


È necessário o mesmo entrosamento entre imagem e palavra, imprescindível na construção da notícia, ou seja, transportar para a casa do telespectador as imagens do acontecimento, acompanhadas dos comentários verbais que as esclarecem.


A transmissão direta de imagens e sons, através da TV permite ao jornalismo a realização de sua obra máxima. Permite ao telespectador testemunhar um fato, como se estivesse presente no local.


A TV oferece ainda, a prova da imagem em movimento, côo o próprio acontecimento, o enquadramento referencial da palavra e ligação com o espaço e o tempo-transmissão direta.


A palavra casada com a imagem


A linguagem jornalística na televisão tem um traço específico que a distingue: a imagem. Para muitas pessoas, o que ela mostra é o que acontece, é a realidade. Por isso a TV ocupa um status tão elevado, o que faz com que os telespectadores, especialmente os poucos dotados de censo crítico, lhe dêem crédito total, considerando-a incapaz de mentir para milhões de pessoas.


Pelo fato de ter na informação visual o seu elemento mais expressivo é importante que haja o entrosamento sincronizado entre imagem e palavra. ‘Texto e imagem devem harmonizar-se de modo a atrair o máximo interesse do telespectador, sem apelar para qualquer forma de sensacionalismo’, como afirmava o jornalista Evandro Carlos de Andrade.


O texto e a imagem devem andar sempre juntos. A imagem é mais forte que a palavra, porque permanece gravada no cérebro, depois que a notícia já foi esquecida. Mas se não houver entrosamento ou se a palavra for mais forte que a imagem, pode ocorrer um desastre. A informação auditiva pode se perder, mas a mensagem visual sempre chega ao destino.


O noticiário televisivo tende a favorecer as notícias que podem ser apresentadas com imagens, principalmente as imagens móveis.


Mas, há quem defenda que se a notícia é boa, mas a imagem não, o jornalista deve contar a notícia sem mostrar as imagens e se, contudo, a imagem é boa e a notícia não, deve-se valorizar a imagem.


O cinema mudo, por exemplo, como nos filmes de Hitchcock, eram capazes de com apenas imagens, retratar em poucos segundos, situações complicadíssimas. Ele criava situações de suspense sem texto. Explicava os seus personagens e a sua história, no início dos filmes, às vezes apenas durante os créditos, sem que ninguém precisasse dizer nada.


Algumas regras para redação de notícias para a televisão: palavras e imagens são paralelas; o comentário não deve repetir em detalhes o que o telespectador pode ver e escutar por si só; o comentário não deve ser demasiadamente extenso. Melhor script é aquele que contém a menor quantidade de palavras possível.


Sem o texto, a maior parte das imagens se torna vazia de sentido e perde qualquer significado como informação relevante para o telespectador.


Não se deve descrever o que se pode ver na imagem, mas acrescentar algo a ela, dar-lhe um significado adicional com suas próprias palavras.


Texto para ser ouvido


Na TV, público tem uma atitude passiva; não pode ir até as notícias, como poderia fazer virando as páginas do jornal. Na televisão, as notícias vêm até ele. As imagens estão sempre passando e, uma vez passadas, não voltam mais. Enquanto o telespectador olha para o vídeo, seu sentido de visão é capturado, mas sua imaginação não é despertada.


Com apenas uma chance de passar a mensagem para o receptor de modo que ele a entenda sem dificuldades é que o jornalista deve manter uma palavra concisa, precisa, a mais clara possível, pois se a mensagem não for decifrada e detectada no momento em que é exibida, o esforço do comunicador será em vão.


O texto da televisão tem que funcionar um pouco como um texto-legenda, mas, além disso, tem de conter a conciliação das duas linguagens (imagem e palavra), para não perturbar a capacidade de pensar do telespectador.


A televisão, portanto, dá a idéia de que ela é em si, um veículo redundante, porque a imagem está mostrando uma coisa, enquanto as palavras estão reforçando o que se está vendo.


Após terminar um texto que será veiculado pela televisão, o jornalista deve ler a notícia em voz alta, pois este texto será falado e assim, descobrir antecipadamente palavras e períodos longos, termos de difícil entendimento, cacofonias e rimas que afetem a qualidade eufônica, ajustando assim, a sua mensagem, à linguagem televisiva.


Em algumas situações, utiliza-se a palavra escrita pAra reforçar a mensagem oral: na titulação de matérias ou chamadas de passagens de bloco de notícias; no registro de pensamentos formulados em ocasiões especiais, como ao descrever o perfil de alguma personalidade ao mostrar a sua reação à concessão de um prêmio ou honraria e conquistas e derrota em confrontos esportivos; para realçar informações contidas em documentos escritos (bilhetes, cartas, livros, leis) ou em placas e avisos instalados em locais públicos; na reconstituição de acidentes e incidentes, por meio de mapas, desenhos ou qualquer outra espécie de reconstituição dramática do fato e nos créditos finais do próprio telejornal, relacionando os nomes dos profissionais encarregados da produção do programa ou dos entrevistados (GC – geração de caracteres).

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Estudante do 4º ano de Jornalismo nas Faculdades Integradas Teresa D´Ávila – Fatea, Lorena, SP; aluna responsável pelo jornal-laboratório [In]Formação