Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Vaticano acusa imprensa italiana de difamação

O Vaticano acusou a mídia italiana de promover uma campanha de difamação e insulto contra o papa Bento 16. Em uma rara declaração emitida pelo Secretariado do Estado, a cúpula da igreja católica quebrou o silêncio após duas semanas de matérias que defendiam a existência de uma rede de intrigas entre seus membros.

Os artigos remetem a um caso ocorrido em setembro do ano passado, quando o então editor do jornal católico Avvenire, Dino Boffo, renunciou ao cargo após reportagem do diário Il Giornale, de propriedade do irmão do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, afirmando que ele havia sido acusado de assédio por uma mulher por ter tido um caso com o marido dela.

Na ocasião, Boffo refutou as acusações envolvendo sua vida pessoal, mas optou por deixar o jornal, alegando que era ‘para o bem da igreja’. Em dezembro, o Il Giornale admitiu que a matéria era imprecisa e havia sido baseada em um documento falso – a procedência do documento não foi revelada.

Investigação interna

Desde janeiro, o Vaticano vem acompanhando matérias com manchetes como ‘O veneno dos cardeais’ e ‘Fome por poder no Vaticano’. Os artigos, divulgados nos jornais mais importantes da Itália, sugerem a existência de um jogo de armações entre os religiosos. ‘Estes artigos estão tentando reconstruir eventos totalmente sem fundamento e fazem parte de uma campanha de difamação contra a Santa Sé, o que atinge o papa’, afirmava a declaração do Secretariado.

Segundo os jornais italianos, autoridades do Vaticano – incluindo o secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, e o editor do jornal L’Osservatore Romano, Gian Maria Vian – estariam por trás do documento falso entregue ao Il Giornale. Bertone e Vian teriam interessem em se livrar de Boffo, um dos formadores de opinião católicos mais influentes e editor do Avvenire há 15 anos, porque ele havia se aliado a um cardeal considerado rival.

Segundo a declaração do Vaticano, o papa lastima as matérias sobre o caso e reforça que tem total confiança em seus aliados. O fato de o Vaticano ter esperado mais de duas semanas antes de responder à mídia indica que houve uma investigação interna, fontes revelaram a Philip Pullella [Reuters, 10/2/10].

RODAPÉ