Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

WSJ acusado de campanha contra o governo

A editora Dow Jones, que hoje pertence ao conglomerado de mídia News International, e dois editores da edição asiática do jornal Wall Street Journal enfrentam processo em Cingapura por conta de dois editoriais que sugeriam que o sistema judiciário do país não é independente nem íntegro, além de ser tendencioso. O promotor-geral Walter Woon acusou o Journal, durante o julgamento, de realizar uma campanha de duas décadas contra o poder judiciário do país. ‘A liberdade de expressão em Cingapura permite que uma pessoa critique o governo e as decisões da corte. Mas, se a discussão se transformar em ataques a um juiz ou ao judiciário, temos que interferir’, afirmou Woon.

O Journal foi processado por difamação pelo governo de Cingapura, pela primeira vez, em 1985, por causa de um editorial sobre o julgamento do já falecido líder de oposição J.B. Jeyaretnam. O jornal teve de pagar multa de US$ 7,6 mil e divulgar um pedido de desculpas pelo ocorrido. Desta vez, Woon espera que seja imposta uma ‘multa substancial’ à Dow Jones. Este é o caso mais recente de uma série de ações legais abertas por países do sul asiático contra veículos de mídia estrangeiros, como as revistas Economist e Far Eastern Economic Review, a Bloomberg e o Financial Times.

O advogado que representa a Dow Jones na Ásia, Philip Jeyaretnam, alegou que os editoriais são artigos de opinião com tom informativo e, por isso, não devem ser vistos como algo sarcástico ou desrespeitoso. ‘Jornais não realizam campanhas de 25 anos, e o Wall Street Journal certamente não participa de nenhuma campanha’, disse Jeyaretnam, que é filho de J.B. Jeyaretnam. O advogado defendeu que é preciso zelar pelo direito de se fazer críticas, e negou que a publicação tenha tido más intenções com os artigos. Informações de Melanie Lee [Reuters, 4/11/08].