Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O racismo da sociedade do controle soberano

1. Alguns moleques conversavam sobre os seios das mulheres, enumerando-os pelo estilo suposto, enquanto tomavam cerveja num bar de classe média de uma cidade qualquer do mundo. De repente, uma mulher negra, com, talvez, 46 anos de idade e, talvez, dependente de crack, se se considera sua magreza aguda, chega até a mesa dos bravos rapazes. Sem saber do que conversavam, pede-lhes dinheiro para comprar leite, alegando, para tanto, que tem um bebê e, para provar, mostra-lhes os seios murchos, apertando o bico de um, de onde jorrou leite fresco, que borrifou na língua de um distraído no exato momento em que descrevia como lamberia o meio dos seios de uma tal atriz de cinema, de um tal Hollywood.

2. Um extraterrestre, estudioso dos viventes do cosmos, aproxima-se da Terra. Possui um instrumento estranho, para nós, humanos: o sofrimentógrafo. Serve para medir o sofrimento dos seres galácticos. A engenhosa tecnologia possui um dispositivo que é ao mesmo tempo háptico e óptico: háptico porque consegue se aproximar de cada ser, quase como se o tocasse, auscultando assim o corpo por completo, de dentro e de fora, nos mínimos detalhes clínicos, capturando cada som do organismo, vendo cada sudorese, o passeio do sangue pelas veias, as substâncias, os trilhões de bactérias, como se pudesse conhecer cada uma, por seu nome e função; óptico porque poderia, multimídia, de qualquer lugar, ver-nos, escutar-nos, cheirar-nos, provar-nos, tocar-nos, de longe, agora de forma não individual, mas como seres entre seres, como coletivo, inclusive e principalmente para além da figura da espécie, de modo que, para o óptico, o coletivo o era antes de tudo para o conjunto dos viventes terráqueos, dando tanta importância aos humanos como às baratas.

3. O que o lado háptico do sofrimentógrafo faz individualizando o vivente, o óptico faz com a dimensão coletiva, em ecossistemas.

4. O extraterrestre, como no filme Matrix, pode se encarnar nos vivos. Pode sê-lo, em devir, seja de forma individual ou coletiva, ecossistematicamente.

5. O sofrimentôgrafo possui também dispositivos de captura de experiências. Consegue detectar toda experiência dos seres, seja de forma háptica, seja de forma óptica. Isso significa que pode também não apenas arquivar as memórias afetivas hápticas e ópticas mas também os saberes, os desejos, as pulsões; as táticas e estratégias que os vivos, no lado háptico e óptico, agenciam para sobreviver.

6. Nosso extraterrestre vem de uma galáctea distante. Não conhece a Terra. Chegou até nós porque conseguiu, não sei precisar de que distância da Terra, em tempo real, como se estivesse na mesa do bar, viver a situação aqui descrita no primeiro parágrafo.

7. Achou estranho que nenhum dos rapazes tivesse se comovido com a situação. Também achou vulgar o deboche que os demais rapazes realizaram com o distraído que bebera o leite da mulher que pedia dinheiro. Mais estranho ainda achou por vê-lo vomitar. E mais ainda por vê-los continuar conversando alegremente como se não tivesse ocorrido nada, na suposição de que, diante do que ocorreu, tudo deveria mudar na vida daqueles rapazes e também na vida de todos os rapazes da Terra, como um acontecimento que deveria alterar, tal a sua relevância, a vida de todos os humanos do planeta.

8. O extraterrestre chorou. Nunca, em toda a sua existência cosmológica, tinha visto tanta indiferença, tanta barbárie, tanta maldade.

9. Resolveu então acionar o dispositivo óptico do sofrimentógrafo. Viu a Terra à distância, nos tempos e nos espaços. Nunca viu tanto sofrimento acumulado, tanta dor, tanto desespero. Notou de imediato que a Terra era o lugar do cosmos das carnificinas, que os seres se matavam para sobreviver e se rejubilavam com o sofrimento alheio, devorando-os com prazer. Viu, ouviu e principalmente sentiu a dor de um bicho sendo devorado por um dinossauro. Notou que durante muito tempo o dinossauro era o ser mais temido da Terra.

10. Teve vontade de fugir até que viu um bicho que ele designou como genocidista: o humano. Percebeu de imediato que o humano era o único ser da história da Terra que sobrevivia à custa dos coletivos, dos ecossistemas, inclusive, e ficou pasmo, sobrevivia à custa do sofrimento indescritível de sua própria espécie.

11. Presentificou o sofrimentógrafo com o objetivo de conhecer melhor o genocidista, mas o fez de tal modo que o presente humano fosse o resultado de todos os passados. O extraterrestre não se conteve e se matou incontáveis vezes, com cada humilhação que viveu através das infinitésimas humilhações dos demais humanos – encarnando-as.

12. Não teve que fazer muito esforço para perceber com toda clareza que o genocidista o era e tem sido porque produziu e produz ecossistemas desiguais, nos e através dos quais umas minorias extorquiam e extorquem as maiorias. Viu que era impossível analisá-lo apenas sob o ponto de vista dos ecossistemas humanos, notando com igual clareza que o genocidista o era também das outras coletividades, não humanas.

13. Dividiu a história dos seres da Terra em capítulos, formando um livro único, multimídia. O genocista sequer mereceu um capítulo deste livro – mas um subcapítulo num livro infinito.

14. Nesse subcapítulo o genocidista dividiu a sua história do genocidista humano em três fases, que deu os seguintes nomes: sociedade da soberania, sociedade disciplinar e sociedade do controle. Registrou que essas três sociedades genocidistas não estavam marcadas por processos evolutivos, de modo que um modelo não terminava com o advento de outro. Não pôde deixar de destacar que a sociedade da soberania era também uma mistura dela com sociedades precedentes, anímicas; que a sociedade disciplinar era também soberana e que a do controle, a atual, era ao mesmo tempo disciplinar e soberana.

15. Analisou então a especificidade de cada modelo social genocidista. Viu que o modelo da soberania era de longe o mais antigo e o mais atual. Descreveu-o a partir de um jogo maniqueísta entre o nvisível e o visível. Do lado invisível, colocou o soberano, pois notou que este nunca circulava onde os demais humanos circulavam e também nunca se presentificava no cotidiano. Percebeu sem muita dificuldade que o soberano era aquele que decide o estado de exceção e que este nada mais é que o direito de morte sobre os demais. Concluiu que o soberano era o genocidista-mor – o senhor das mortes.

16. O jogo maniqueísta entre o visível e o invisível o extraterrestre percebeu que poderia ser traduzido, por exemplo, como o jogo entre a transcendência e a imanência, a alma e o corpo, o imaterial e o material, o software e o hardware.

17. Chamou então esse jogo de metafísica da ascendência e deu-lhe uma configuração piramidal. Quanto mais alto estiver o genocidista na pirâmide social mais se coloca numa posição invisível, mais sofrimento provoca coletivamente, mais, por outro lado, tende a ser adorado por aqueles outros humanos que se encontram humilhadamente na base da pirâmide, como se fora o próprio Deus encarnado.

18. Viu logo que a sociedade do tipo soberana, como uma megalomáquina, produzia transcendências, Deuses. Não era circunstancial, intuiu, que todas as grandes religiões do contemporâneo, budismo, xintoísmo, islamismo, cristianismo, por exemplo, foram produzidas no interior da sociedade da soberania, tal era a fixação desse modelo social pela metafísica da ascendência.

19. Dividiu a sociedade da soberania entre a metafísica da ascendência e a infrafísica da imanência. Logo conclui que a sociedade da soberania foi a que inventou o naturalismo genocidista, descrevendo-o assim: o naturalismo é o corpo coletivo genocidado pela ascendência. Quanto mais alguns seres genocidistas privilegiados ascendem, acumulando poderes e fortunas, mais a infrafísica do mundo, seu lado imanente, é humilhada, torturada, assassinada.

20. Definiu então o racismo. Existe racismo por causa da metafísica da ascendência. Quanto mais o invisível soberano parasita o visível ou, dizendo de outro modo, quanto mais alguns poucos genocidistas humanos ascendem, em privilégios, mais as maiorias são humilhadas e assassinadas. O racismo é o ódio do parasitismo das minorias ascendidas contra os coletivos descendidos. O racismo o é, pois, contra o coletivo, contra o plano de imanência, contra os territórios, contra a terra, contra o trabalho, contra o naturalismo.

21. A partir daí, o extraterrestre definiu a transcendência: o transcendente ou o soberano são os parasitas do naturalismo, da imanência, do mundo material, dos corpos, da vida. São o epicentro de todos os racismos e de todos os sofrimentos e humilhações do plano de imanência, dos povos parasitados, roubados, genocidados.

22. Não foi difícil então se perguntar: quais são os genocidistas do contemporâneo? Resposta evidente: as oligarquias. Os oligarcas são os racistas, a metafísica da ascendência encarnada a assassinar o planeta, o plano de imanência, os coletivos, acusando-os de inferiores, fanáticos, anacrônicos, ignorantes, animais.

23. Acionou então o dispositivo háptico do sofrimentógrafo a fim de tentar dar um rosto para o soberano atual. O dispositivo não funcionou. Deduziu que no contemporâneo o soberano não tem rosto. Pensou um pouco e concluiu: eureca, o soberano é a civilização atual, a que deu o nome de civilização burguesa. Ela é o genocidista. Ela é a racista dos coletivos. Ela é a que decide o estado de exceção das maiorias, suas mortes inaturais. Ela é a própria metafísica da ascendência e esta se expressa pelo dinheiro, que é a circulação planetária da metafísica da ascendência, não sendo circunstancial que a maioria dos humanos o queiram, o dinheiro, desejando, assim, ascender-se.

24. Não ficou ainda satisfeito com seu sofrimentógrafo. Achou-o insensível demais. Viu que estava na obrigação de ler os dados por conta própria. Acionou então o lado óptico do sofrimentógrafo. Viu a Terra à distância. Perguntou ao sofrimentógrafo: onde, na Terra, os genocidistas se acham mais ascendidos, mais soberanos, mais superiores?

25. O sofrimentógrafo respondeu, como um Tirésias: na prosódia soberana da língua inglesa, no anglo-saxônico, no imperialismo americano-ocidental e no que este chama cinicamente de democracia, o lugar de todas as ditaduras.

26. Perguntou novamente: quem mais odeia e quer matar o plano de imanência, os coletivos? Obteve a seguinte resposta: o sionismo, definido como uma ideologia milenar da sociedade da soberania em busca de sua Terra prometida, que nada mais é que a Terra acumulada de todos os racismos.

27. Percebeu então que o imperialismo americano-ocidental, através do sionismo, transforou os Palestinos no naturalista povo que deverá carpir, mais que qualquer outro, o peso da metafísica da ascendência da civilização burguesa, tendo sido eleito como o povo genocidado, como se fora uma Cruz, ou um povo na cruz da transcendência do imperialismo americano-ocidental.

28. Concluiu, não sem pasmo: os palestinos existem para ser a cobaia da câmara de gás do nazismo do lado americano-ocidental do imperialismo da e na civilização burguesa. O palestino é o excluído coletivo que é genocidado pela metafísica da ascendência da civilização burguesa. Esta, com o sacrifício do palestino, objetiva chantagear todos os outros povos do mundo – amedrontá-los.

29. O sacrifício soberano do palestino diz a que veio: o imperialismo americano-ocidental genocida povos, roubando-lhes a alma coletiva a fim de acumular-se de transcendência.

30. Tudo foi meticulosamente gestado. O imperialismo americano-ocidental, através dessa soberana invisível fanática religião, o sionismo, patriarca de todos os racismos existidos, produziu o campo de concentração Palestina com o objetivo de bombardeá-lo de quando em quando a fim de chantagear todos os outros povos do mundo.

31. Mas como conseguem isso? – perguntou o extraterrestre. Logo concluiu. O imperialismo americano-ocidental, principalmente a sua versão anglo-saxônica, domina as multimídias do contemporâneo e as usa para ser ao mesmo tempo o espaço de publicidade dos ascendidos e o espaço de aviltamento dos descendidos.

32. As multimídias do contemporâneo são também hápticas e ópticas, tal como o sofrimentógrafo. No lado óptico delas, são a própria metafísica da ascendência e nos olham literalmente de cima para baixo, acusando-nos sem cessar de inferiores, ignorantes, improdutivos, bárbaros, perigosos. Não é circunstancial, a propósito, que nos veem e editam do norte para o sul, com a presunção de serem o olhar do desenvolvido sobre o subdesenvolvido, esse outro lugar para o naturalismo genocidado, objeto de todos os racismos.

33. O extraterrestre não pôde deixar de citar Guy Debord, de A sociedade do espetáculo, livro no qual o espetáculo é definido como um sistema mundial de multimídia tal que esta representa o mundo de cabeça para baixo, o que equivale a dizer que é o espetáculo da metafísica da ascendência colocando-se no lugar dos povos, da imanência, do mundo concreto, enfim.

34. O espetáculo é, pois, o próprio racismo. Vê-nos das alturas celestiais e transforma o seu restrito e soberano ponto de vista em falsamente universal, inferiorizando, desprezando e genocidando o plano de imanência, os povos.

35. O extraterrestre não teve dúvida em chamar as multimídias do imperialismo americano-ocidental de racismo civilizacional da sociedade do controle soberano.

36. E o que seria a sociedade do controle soberano? Segundo o extraterrestre, ela é um misto da sociedade da soberania e da sociedade do controle. Se, a sociedade da soberania funciona como um racismo civilizacional, tal que o invisível ( o soberano, a transcendência, Deus) oprime, tortura, disseca, genocida o visível (os povos, o plano de imanência, a vida coletiva em sua dimensão carnal, física) com o objetivo de roubar deste, do visível, a alma coletiva, a fim de se figurar na foto como se fora o próprio Deus, a sociedade do controle, por sua vez, é aquela que o espanhol Javier Echeverría dá o nome de Terceiro Entorno e se faz existir a partir das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs), no contexto da Revolução Telemática e da tecnociência.

37. Acionando seu próprio Google, nosso extraterrestre encontrou os seguintes dispositivos tecnocientíficos da sociedade do controle: os computadores pessoais, as câmeras de vídeo, as fotos digitais, a gravação doméstica de CDs e DVDs, os disquetes, os pendrives, os Hds, a telefonia móvel, as diversas formas de TV, pagas, abertas, a cabo, parabólicas, a internet e seus recursos todos, o Wi-Fi, o Bluetooth, a robótica, a engenharia genética, a nanotecnologia, a engenharia molecular. E. E. E.

38. O primeiro Entorno é definido como a phisis ou a natureza enquanto tal, essa coletividade de seres a que a sociedade da soberania elegeu, de forma senhorial, como o lugar por excelência a ser torturado, aviltado, massacrado, visibilizado, genocidado, a fim de produzir sua metafísica da ascendência através de uma racista lógica absolutamente antropocêntrica e antropomórfica. O lugar do naturalismo aviltado, pornograficamente escarafunchado. O Segundo Entorno é o que resulta do primeiro podendo receber o nome de sociedades humanas, principalmente tendo em vista a sua dimensão urbana. O Terceiro Entorno, por sua vez, resulta da mistura do primeiro com o segundo tendo relação direta com a produção de uma sociedade humana virtualizada através das Novas Tecnologias de Informação e de Comunicação, associadas diretamente à tecnociência ou à tecnoguerra.

39. Nosso extraterrestre percebeu logo que o Terceiro Entorno, sob o domínio do imperialismo americano-ocidental, constitui o lugar de todos os racismos, razão pela qual tende a ratificar um duplo espetáculo, a saber: o espetáculo do naturalismo primário do planeta inteiro, produzindo uma nova variável do racismo ou do nazismo, que é o racismo contra a Terra; e o espetáculo da metafísica da ascendência, basicamente expressável pelo estilo americano de vida, do qual tem-se um bom exemplo no espetáculo da Copa do Mundo, pela evidente razão de que os televisionados torcedores nos campos de futebol são basicamente os ascendidos do planeta, sua oligarquia soberana.

40. As Novas Tecnologias de Informação e de Comunicação (NTICs) ascendem os ascendidos e descendem os descendidos. Delineiam magicamente o rosto da metafísica da ascendência de um lado e o rosto do terrorista e do bárbaro, de outro, colocando-se no lugar do soberano que decide o estado de exceção sobre os povos descendidos.

41. É por isso que elas são a plataforma multimídia da sociedade do controle soberano, que constitui o pior modelo de sociedade possível, porque nada mais é que a sociedade da soberania com um poder de fogo e de autopublicidade jamais visto. Imagine, a propósito, um imperador romano ou um rei absolutista de posse das Novas Tecnologias de Informação e de Comunicação com alcance planetário. É algo parecido com isso, se não for bem pior, que está em jogo no arranjo sócio-histórico a que o nosso extraterrestre dá o singelo nome de sociedade do controle soberano.

42. A oligarquia sionista é o rosto soberano da sociedade do controle soberano. Da mesma forma que os soberanos torturavam e matavam em praça pública, à época da sociedade da soberania, muito especialmente os palestinos foram eleitos para serem os sacrificados na praça pública planetária pelo ódio da metafísica da ascendência encarnada milenarmente no rosto de um Benjamin Natanyahu, o novo Hitler do contemporâneo, que age em nome do imperialismo americano-ocidental com uma fidelidade milenar ao racismo ao mundo que habita no coração do soberano Ocidente expansionista.

43. O palestino é genocidado espetacularmente através das tecnologias ópticas de guerra do imperialismo americano-ocidental, máquina de torturar e de matar inigualável. Diferentemente da sociedade da soberania, que torturava e matava em praça pública indivíduos isolados, como exemplo para os demais, a sociedade do controle soberano mata à distância o coletivo, os povos, a infância, os muçulmanos, as mulheres, os negros, os índios, os periféricos, sem que possamos pessoalizar o sofrimento.

44. O motivo dessa mutação no interior da sociedade do controle soberano, que a faz se distinguir da sociedade da soberania enquanto tal, é muito simples: para as Novas Tecnologias de Informação e de Comunicação, como teatro virtual da metafísica da ascendência, só os ascendidos sofrem, só os ascendidos existem, só os ascendidos têm o direito à felicidade, só os ascendidos, enfim, merecem viver.

45. É em nome desse merecer viver dos ascendidos é decretado o estado de exceção permanente, o pior dos mundos possíveis, contra o povo palestino.

46. O extraterrestre encarnou-se numa menina palestina de treze anos engravidada por um soldado israelense. Do ponto de vista dela, viu o soldado, de cima de um helicóptero, matá-la assim como a sua família toda. Não viu nem ódio, nem arrependimento, nem amor, nos olhos do soldado.

47. Aprendeu na carne da menina palestina grávida o que significa destino manifesto.

48. O destino manifesto da sociedade do controle soberano americana-ocidental é o míssil óptico, multimídia que está em guerra contra os povos do mundo, dividindo-os, como palestinos e judeus, sunitas e xiitas, brancos e negros, laicos e religiosos, mulheres e homens, pobres e ricos, ocidentais e orientais, com objetivo claro de vê-los, à distância, se matarem, corpo a corpo, na caluniada, aviltada e genocidada dimensão háptica da vida, nos seus Primeiro e Segundo Entornos.

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Luis Eustáquio Soares é poeta, escritor, ensaísta e professor de Teoria da Literatura na Universidade Federal do Espírito Santo