Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O Brasil na TV

A Rede Globo descobriu, por certo, que não é necessário apresentar crianças barbudas, pessoas deformadas, briga de casais ao vivo e tantas outras apelações para conquistar audiência. Aprendeu que a melhor tática para manter e ampliar audiência é, simplesmente, mostrar o Brasil e sua gente aos telespectadores. É muito mais elegante e atraente. Refiro-me ao quadro, iniciado neste domingo (15/4) no programa de Fausto Silva. É uma nova versão da já conhecida Dança dos Famosos. Ao invés de colocar famosos para aprender a dançar em estúdios, o programa começou a eleger pequenas cidades do interior – de 40 a 100 mil habitantes, capazes de representar as cinco regiões do país – para movimentar toda a população local em torno de uma coreografia desenhada por uma especialista em espetáculos de dança – Renata Vieitas. O quadro chama-se a “Dança da Galera”, é dirigido por Cristiano Gomes e começou por uma disputa entre Aracati, no Ceará, e a célebre Diamantina, terra de Juscelino Kubitschek, em Minas Gerais.

Jornalismo de boa qualidade se misturou ao entusiasmo da população local para produzir para os telespectadores um espetáculo comovente. Os atores Dani e Suzuki e Joaquim Lopes tiveram 15 dias para desembarcar em cada uma das duas cidades, mobilizar as pessoas, eleger os participantes do espetáculo (quem quis, pode participar, inclusive membros da Apae de Diamantina), ensaiar e, numa data combinada, apresentar a coreografia ao programa do Faustão. Tudo muito bonito, bem organizado e comovente. O Brasil que, segundo a famosa canção de Maurício Tapajós e Aldir Blanc, não conhece o Brasil, viu os casarões coloniais de Diamantina, as jangadas de Aracati e deve ter se encantado com os personagens revelados nos dois lugares.

Telespectadores, por telefone e por internet, mais os do auditório, escolheram a melhor coreografia. Ganhou Aracati, que recebeu um prêmio R$ 100 mil para investir em projeto de educação. O segundo lugar, Diamantina, ganhou R$ 25 mil para investir também em projeto educacional. Terminado o programa, eu pelo menos fiquei com gosto de quero mais.

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[Dirceu Martins Pio é ex-diretor da Agência Estado e da Gazeta Mercantil e atual consultor em comunicação corporativa]