Dentre as organizações de notícias criadas na era digital nos EUA, quando muitas publicações impressas tradicionais sofriam economicamente, uma das mais respeitadas é a de notícias investigativas sem fins lucrativos ProPublica. Fundada em 2007 com um compromisso de longo prazo de US$ 30 milhões (em torno de R$ 61 milhões) dos filantropos Herbert e Marion Sandler, a entidade já ganhou diversos prêmios, incluindo um Pulitzer, em 2011, por reportagem nacional por uma série sobre Wall Street. Foi a primeira vez que um Pulitzer, a mais prestigiada premiação do jornalismo americano, foi concedido para matérias que não foram publicadas originalmente no meio impresso.
A ProPublica também prestou uma grande contribuição para o chamado jornalismo de dados, com uma combinação de reportagem investigativa e análise de computador sobre temas como pagamentos de empresas farmacêuticas a médicos em todo o país. Em 2011, a instituição firmou parceria com outras 27 organizações de notícias, incluindo o New York Times, a New Yorker, a NPR e o programa Frontline, da PBS – para produzir 115 matérias. O trabalho é feito por uma equipe de 40 jornalistas e alguns profissionais de apoio, o que parece surpreendentemente pequeno, dado o impacto do material produzido.
Recentemente, foi anunciado que Paul Steiger, editor-chefe e presidente da organização, irá se tornar diretor-executivo até o final do ano, uma posição descrita por ele como “arrecadador de recursos em tempo parcial”. Já Stephen Engelberd, que hoje chefia a redação, será o editor-chefe encarregado das operações editoriais. O novo presidente será Richard Tofel, que hoje é gerente geral da ProPublica. Como ex-chefe de redação do Wall Street Journal, Steiger trouxe credibilidade imediata ao trabalho de Engelberd e Tofel e deu início ao agora aceito conceito de parcerias com organizações de notícias – o que no passado parecia duvidoso. A sucessão em uma empresa como a ProPublica é crucial para a viabilidade financeira e profissional e a escolha foi acertada, comenta Peter Osnos em artigo na The Atlantic [22/5/12].
Doações para sobreviver
Em 2011, a ProPublica conseguiu, pela primeira vez, mais da metade do seu orçamento de fontes além dos Sandler. Foram 2.600 doadores, de indivíduos a fundações como a Ford Foundation e a John S. and James L. Knight Foundation. Os Sandler ainda são os maiores doadores, mas estão reduzindo os valores na medida em que a organização expande a base de doadores.
Em sua missão, a ProPublica compromete-se a gastar US$ 0,85 de cada US$ 1 em notícias. Além disso, reforça o compromisso com o fato de ser uma entidade sem fins lucrativos – e a filantropia continuará a ser a principal fonte de receita.