A charge, caricatura, cartoon ou cartum – qualquer que seja a designação – é uma peça jornalística de opinião. Nela o jornalista expressa suas convicções, preferências e, sobretudo, ojerizas. Como nas colunas e artigos.
Acontece que em nenhum dos quatro grandes jornais temos jornalistas escrevendo artigos opinativos nas primeiras páginas. Mas em pelo menos dois deles temos jornalistas-artistas com lugares cativos nas capas dos primeiros cadernos. E com efeito arrasador, porque o traço é mais impactante e menos reflexivo enquanto que um texto é minimamente judicioso e prudente.
O humor gráfico brasileiro é de primeira qualidade, nossos chargistas tiveram papel destacado na resistência ao regime militar, mas estes méritos não podem impedir uma observação crítica com relação ao estranho privilégio de que gozam por poder exprimir livremente suas preferências eleitorais, que os demais jornalistas procuram guardar para as urnas.