Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Ensino a distância

A televisão vem recebendo merecidas críticas por conta do excesso de tempo e da glorificação que tem destinado à violência em noticiários, programas policiais, filmes e lutas tipo artes marciais mistas (MMA, sigla em inglês), bem como por não destinar mais espaço em sua grade diária para programas culturais e educacionais em prol da paz na sociedade e do bem-estar da família. Porém, um fenômeno televisivo passa quase despercebido: o ensino a distância.

A questão da mobilidade urbana, a falta de tempo para o estudo em sala de aula e a concentração de escolas e universidades nos grandes centros podem justificar a expansão do uso da televisão e da internet para o ensino a distância. A televisão é uma ótima ferramenta para a promoção da educação e os governos deveriam exigir cada vez mais cultura nas grades televisivas, pois as “universidades abertas” vêm crescendo vertiginosamente e superando em número o de alunos das aulas presenciais. As “abertas”, inclusive, alcançam localidades onde os meios de comunicações – estradas, ônibus, veículos, aviões etc. – não são disponíveis com facilidade. No ano 2000, nos EUA, contavam-se 14 milhões de estudantes na “universidade aberta” contra 2 milhões na Inglaterra, mas, curiosamente, no maior país demográfico, a China, o sistema de universidade pela TV contabilizava apenas 580 mil estudantes matriculados, sugerindo que a “triagem” no conteúdo das vídeoaulas do ensino a distância realizada pelo governo chinês limita o interesse de novos alunos.

Tendência mundial

A internet, que nasceu de um temor americano de que a Rússia derrubasse a rede de comunicações num eventual ataque nuclear, tem auxiliado o ensino a distância e a pesquisa acadêmica, sem falar na facilidade que o e-mail proporciona na troca de informações em velocidade admirável – a enciclopédia eletrônica Wikipédia, bem como o buscador Google, têm auxiliado nas pesquisas acadêmicas. Famosas e respeitadas universidades vêm disponibilizando conteúdos gratuitos na rede mundial de computadores por meio de vídeoaulas, exemplo: Harvard, Columbia e Michigan.

A democratização e a globalização do conhecimento passam inevitavelmente pela televisão e a internet, pois o ensino a distância precisa dessas ferramentas para alcançar seus objetivos nos cursos técnicos, nas graduações e no programa de pós-graduação. O Telecurso 1º e 2º grau, da Fundação Roberto Marinho, bem como a ótima programação da TV Escola, do Ministério da Educação, têm colocado o Brasil como referência na questão do ensino a distância, pois é uma tendência mundial nos países que prestigiam a educação e a profissionalização dos seus cidadãos.

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[Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista, Fortaleza, CE]