Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Um diálogo entre diferentes pontos da cidade

Um grupo de estudantes de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI) resolveu dar voz a uma comunidade estereotipada e marginalizada em tempos de reivindicação pela democratização da mídia. Por meio do que chamam Comunicação Comunitária nos cursos de Jornalismo – disciplina esta que não é abarcada pela grade curricular da UFPI –, os estudantes realizam matérias e reportagens que giram em torno do cotidiano dos moradores do bairro Água Mineral (zona Norte de Teresina), sob uma ótica diferente daquela que é mostrada nos noticiários locais, onde o local costuma aparecer em matérias policiais (geralmente associando o bairro ao tráfico de drogas).

O projeto, que já existe há algum tempo, somente este ano ganhou o status de Projeto de Extensão reconhecido pela Prex. Os estudantes também possuem outro suporte tão ou mais importante: o apoio da população local. E o Mineral Notícias, jornal de circulação livre, já está em sua terceira edição, estando também disponível no blog do projeto (http://mineralnoticiasufpi.blogspot.com), onde também há conteúdo próprio para a internet e nas redes sociais que repercutem o conteúdo destas mídias.

Por que a Comunicação Comunitária é tão importante?

Uma mídia democrática e acessível

A Comunicação Comunitária, embora seja apagada pela grande mídia, é de suma importância para o desenvolvimento de micro para macro de um bairro. Pode parecer, à primeira vista, que esta área da Comunicação seja um pouco inclusiva, isto é, voltada apenas para uma realidade pequena, mas ela é bem mais abrangente. Com um jornal comunitário, é possível que a própria população encare seus problemas com um olhar diferente, buscando soluções palitáveis àquilo. Além do que, é possível que moradores de outros bairros possam ver que alguns problemas urbanos são convergentes, estão presentes em toda a cidade, e não somente em pontos específicos. Acaba que surge um diálogo entre diferentes pontos, e a cidade termina por dialogar entre si.

Sabemos que a mídia hegemônica costuma abafar a voz da população geral, em outras palavras: nem todo mundo é representado nos meios de comunicação. A Comunicação Comunitária, quando alheia a interesses específicos, acaba sendo uma alternativa para mostrar o quão bom seria uma mídia democrática e acessível a todos.

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[Lucrécio Arrais é estagiário de Jornalismo, Teresina, PI]