Desde a impressora de Gutenberg, em 1450, a notícia vem sendo vergastada, pois já no ano de 1560, no Concílio de Trento, a Igreja Católica publicou o Índex dos Livros Proibidos tentando “controlar” o conhecimento e a informação. Livros eram apreendidos, queimados em praça pública e quem “lesse demais” ou possuísse obra proibida no Índex poderia parar na fogueira da Santa Inquisição. No ano de 1609, aparece a primeira Gazeta semanal, em Estrasburgo, na França – o primeiro jornal diário apareceria somente no ano 1660 –, mas foi preciso esperar até o ano de 1704 para a palavra “jornalismo” aparecer, também na França, no jornal de Trevoux, pois até então, os produtores das notícias eram conhecidos apenas como “homens de notícias” que coletavam informações nos mais variados locais.
A liberal Holanda, na Europa, se notabilizava por imprimir jornais, livros, panfletos sem que houvesse qualquer tipo de controle e/ou censura – inclusive, vários países produziam seus impressos em solo holandês para driblar o controle e a censura local, como foi o caso, em 1789, dos panfletos “subversivos” da França revolucionária.
Na Rússia, Catarina, a Grande, dizia que era bom que a população vivesse embriagada com vodca, pois assim seria mais fácil governar. Afinal, bêbado não se preocupa com notícias. Quanto mais distração e desinformação, melhor para os governantes, mas se houver controle da informação fica ainda melhor. Todos os regimes totalitários – comunismo, fascismo e nazismo – recorreram ao controle da informação por meio da censura – inclusive, tomaram de assalto os meios de comunicação por ocasião do golpe e/ou da revolução.
Novo modelo de controle
A desinformação também é uma forma velada de controle da informação. Exemplo: no regime do Vichy, na França, (1940-44) o regime nazifascista ensinava nas escolas história diferente da realidade dos fatos. Na China, o “livrinho vermelho” do regime governamental parecia ser o único a não ser alcançado pela censura.
O governo da Argentina vem perseguindo violentamente os meios de comunicação que não se alinham com a cartilha governamental, colocando em xeque a liberdade de expressão. Mas não é caso isolado, pois a Venezuela já fazia há tempos o mesmo controle da informação. No Brasil, o partido governante sempre se empolga quando surge algum novo modelo de controle da mídia, como parece ser o caso da Inglaterra, em que o recente relatório da comissão presidida pelo juiz Brian Leveson sugeriu que haja algum tipo de rédeas à mídia inglesa por conta dos sucessivos escândalos, mas sem prever qualquer possibilidade de censura prévia…
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[Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista, Fortaleza, CE]