As últimas propostas do governo para regulação da imprensa enfrentaram a resistência dos editores de jornais, que receiam que o plano do ministro Oliver Letwin possa abrir caminho para uma intervenção por parte do Estado. A proposta dos editores – uma fundação sem fins lucrativos –, ao contrário daquela de Letwin, que seria uma determinação direta da rainha [royal charter], não exigiria uma lei específica, um dos pontos cruciais de confronto com muitos jornais. “Sente-se que o que Letwin está começando a procurar algo que é pior do que uma lei”, disse o executivo de um jornal que participou de uma reunião de editores e executivos em Londres, na quinta-feira (10/1).
Letwin vem assumindo a iniciativa em nome do governo para discutir com maior profundidade propostas para uma futura regulação da imprensa como a do Partido Trabalhista, que se empenha em fazer cumprir na íntegra as recomendações divulgadas no mês passado pelo juiz Brian Leveson. Porém, a pressão sobre o governo aumenta entre receios de que trabalhistas e liberal-democratas poderiam unir forças para uma votação na Câmara dos Comuns, no final deste mês, com o objetivo de adotar a minuta de lei elaborada pelos trabalhistas, que apoia o suporte legal.
Os padrões éticos da imprensa
Também há discordância entre editores – os jornais regionais oferecem muita resistência aos planos de introduzir um órgão mediador para resolver queixas de leitores. Os jornais locais, que já enfrentam uma queda significativa no número de leitores, opõem-se veementemente a esse esquema, temendo que ele possa levar a uma escalada nos preços para viabilizar um novo órgão. Na reunião de quinta-feira, discutiu-se a possibilidade da adesão ao órgão mediador ser voluntária. Letwin propôs que os jornais tivessem que aceitar reclamações de terceiros, quando estas fossem relacionadas à exatidão ou assuntos de interesse público.
Mas muitos editores receiam que isso possa significar que eles serão inundados por queixas de leitores, inclusive de grupos de pressão. Também se preocupam em ter que lidar com reclamações do exterior, assim como do Reino Unido. Os jornais também se interessam em ter controle sobre o código de prática dos editores, supervisionando o ponto de referência para os padrões éticos da imprensa.
Lorde Hunt, presidente da Comissão de Reclamações sobre a Imprensa (PCC, sigla em inglês) continua coordenando a criação do órgão que irá suceder à Comissão. Informações de Robert Budden [Financial Times, 11/1/13].