Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Erivaldo Carvalho

“‘A primeira essência do jornalismo é saber o que se quer saber, a segunda é descobrir quem o vai dizer.’ John Gunther, escritor americano

Olá, leitores/internautas. Na última quinta-feira, 16, a Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece) tachou de ‘midiática’ a onda de ações contra gestões públicas. O assunto foi a manchete do dia no O POVO. Para a entidade, a atuação do Ministério Público no Estado, que tem provocado investigações e afastamentos – como a do prefeito de Quixeramobim, Cirilo Pimenta -, seria uma espécie de protesto contra a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37. A medida pretende retirar de promotores e procuradores a condução de investigações criminais. A pergunta é: o movimento anti PEC-37 do MP está interferindo nas coberturas? A pedido do ombudsman, o editor-executivo do Núcleo de Conjuntura da Redação, onde está inserida a editoria de Política, jornalista Guálter George, avalia a questão para a Coluna: ‘Um fato incontestável no debate em torno da PEC 37 é que o Ministério Público tem desenvolvido uma eficiente campanha de defesa de sua posição, o que necessariamente repercute no noticiário. É inevitável. Outro ponto que entendo merecer sua análise é que o Ceará tem chamado particular atenção nacional no movimento, por vários demonstrações que dá de capacidade própria de mobilização. Claro que tal situação se reflete no noticiário, muitas vezes levando a uma certa confusão quanto ao posicionamento editorial do próprio veículo. Em resumo, não existe simpatia do O POVO em relação a qualquer das teses em discussão’.

O caso Canindé

O ombudsman foi procurado por assessores do prefeito de Canindé, Celso Crisóstomo, que apresentaram uma série de observações sobre a cobertura do jornal. No último dia 3, O POVO saiu com a seguinte manchete: ‘Parentes de prefeito recebem R$ 5,8 milhões para fazer cisternas’. Como expliquei aos emissários, a própria Redação tem os mecanismos de diálogo com os personagens que são notícia. Conheço-os de perto. Digo isso em nome dos quase dez anos de batente no jornal, onde fui repórter, editor e colunista de Política, antes de assumir o mandato de ombudsman. Trago a discussão a público porque são pontos que precisam ser evidenciados, em qualquer cobertura que envolva suspeitas de irregularidade. Entre as ponderações colocadas, três me chamaram a atenção: a briga política no município, o procedimento sobre o ‘outro lado’ e o suposto uso de imagem de arquivo pelo jornal. O jornalista Guálter George também respondeu a esses questionamentos. Seguem as declarações enviadas pelo editor-executivo. Os pontos foram separados por mim.

A briga política e o outro lado

Guálter: ‘A Redação recebe quase diariamente denúncias as mais diversas. Boa parte delas não conseguimos levar adiante por variadas razões, destacando-se a impossibilidade de uma checagem que nos garanta o mínimo de certeza quanto à sua procedência. Portanto, temos consciência de que há interesses, políticos e locais em muitos dos casos, movendo as acusações e que nos cabe o cuidado de aplicar um filtro jornalístico sobre cada material. No caso de Canindé, por exemplo, a farta documentação encaminhada serviu apenas como ponto de partida para uma apuração que nos levou ao município para checar endereços e ouvir pessoas’. Sobre a procura pelo prefeito: ‘A necessidade de otimizar o tempo de permanência na cidade levou à decisão de ouvir o prefeito Celso Crisóstomo através dos três telefones institucionais disponíveis, já depois da volta a Fortaleza’. Os assessores do prefeito dizem que Crisóstomo estava na cidade, quando a reportagem lá esteve.

A foto publicada e os complementos

Segue o editor-executivo: ‘Finalmente, informo que todas as imagens utilizadas no material foram produzidas durante a viagem à região de Canindé. Ressalte-se, ainda, que edições posteriores garantiram espaço solicitado pelo prefeito para apresentar sua versão’. Complementos do ombudsman: os defensores de Crisóstomo afirmam que não há nenhuma cisterna perfurada no município, mas na ‘região de Canindé’, como o próprio jornal informa. Vamos aguardar o desenrolar das investigações, a cargo do Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado. Até domingo.

FOMOS BEM

ESTACIONAMENTOS IRREGULARES na Capital. Demos a dimensão necessária à ação dos órgãos de trânsito

FOMOS MAL

APROVAÇÃO

DA MP dos Portos na Câmara dos Deputados. Publicamos material acanhado e escondido”