O Brasil se prepara para receber, nos próximos três anos, a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. Mas se por um lado a realização de dois dos maiores eventos esportivos do planeta pode representar uma oportunidade de desenvolvimento para o País, por outro se apresentam inúmeros riscos e desafios, muitos deles relacionados a aspectos sociais e de direitos humanos. Nesse contexto, merecem atenção diferenciada os segmentos mais vulneráveis da população, sobretudo as crianças e adolescentes. Problemas como a violência sexual, o trabalho infantil e o abuso de drogas tendem a agravar-se caso não sejam adotadas claras medidas para sua prevenção e enfrentamento, no rol dos programas e políticas relacionados aos eventos esportivos.
É diante desse cenário – e no mês de comemoraçãodos 23 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – que acontece o lançamento da VII edição do Concurso Tim Lopes de Jornalismo Investigativoque, desde sua primeira edição acontece em parceria com a Childhood Brasil e tem promovido que jornalistas executem reportagens qualificadas sobre exploração sexual de crianças e adolescentes. Adotando um foco especial, esta edição irá apoiar projetos de investigação jornalística sobre questões relacionadas à proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes no contexto da Copa do Mundo de 2014. Também estará em perspectiva o legado social que a realização dos grandes eventos pode deixar para essa parcela da população.
Diferentemente de outras iniciativas na área do jornalismo, o Concurso Tim Lopes não premia reportagens já veiculadas. O projeto seleciona as melhores propostas de reportagem e oferece apoio técnico e financeiro para sua realização. São cinco as categorias para esta edição: “mídia impressa”, “rádio”, “televisão”, “mídia online e alternativa” e “temática especial”.
As inscrições devem ser realizadas até o dia 27 de outubro de 2013, por meio do site www.andi.org.br/timlopes. Podem se inscrever repórteres, editores e chefes de reportagem dos diferentes tipos de veículos, além de comunicadores populares, estudantes e professores de cursos de comunicação (na categoria “mídia online e alternativa”).
Desafios e oportunidades
A realização da Copa de 2014, que mobilizará diretamente 12 estados das diferentes regiões brasileiras, coloca em evidência uma rica agenda relacionada à proteção e à promoção dos direitos das novas gerações – matéria prima para as propostas de reportagem que serão premiadas pelo Concurso Tim Lopes.
Entre os principais riscos, especialistas apontam o trabalho infantil, a vulnerabilidade acrescida ao uso de drogas, o aumento na quantidade de casos de crianças desaparecidas e as situações de violência contra adolescentes e jovens, além da exploração sexual. Já entre as possibilidades de avanços – os quais exigirão compromisso claro por parte dos entes responsáveis –, estão propostas como a de universalização da prática esportiva nos sistemas públicos de educação, de implementação de programas inovadores nas áreas de esporte, cultura e lazer, de fortalecimento das políticas de inclusão dos grupos socialmente vulneráveis e de adoção de práticas efetivas de responsabilidade social pelas empresas envolvidas nos empreendimentos vinculados à Copa.
Em sua categoria especial, nesta edição o concurso focalizará o tema "Violência sexual contra crianças e adolescentes no contexto da Copa do Mundo de 2014”, que inclui aspectos como exploração sexual no âmbito do turismo, a pornografia infanto-juvenil, o tráfico para fins de exploração sexual e a violência sexual contra meninos e meninas no ambiente esportivo. Está contemplada também a discussão das políticas públicas existentes e/ou criadas em resposta ao evento, na perspectiva da prevenção e do atendimento às vítimas dessas violações.
Um concurso que investe na investigação
Os jornalistas que tiverem seus projetos selecionados pela comissão julgadora receberão uma bolsa de apoio para o desenvolvimento das reportagens. O valor varia entre R$ 11.550,00 e R$ 17.600,00, de acordo com a natureza do veículo no qual atuam (consulte quadro abaixo). Ao final, os jornalistas vencedores recebem ainda um prêmio de R$ 3.300,00.
Além do incentivo financeiro, o Concurso Tim Lopes também oferece o apoio de consultores especializados no tema, que ficam à disposição dos jornalistas durante a coleta de informações e produção das matérias.
A iniciativa é uma homenagem ao jornalista Tim Lopes, que foi assassinado em 2002 enquanto investigava casos de exploração sexual de adolescentes em uma favela do Rio de Janeiro.
Esta edição especial é uma realização conjunta entre a ANDI – Comunicação e Direitos, a Childhood Brasil e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e, e conta com apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
CATEGORIA | VALOR DA BOLSA DE INCENTIVO À PRODUÇÃO |
Mídia Impressa | R$ 11.550,00 |
Rádio | R$ 11.550,00 |
TV | R$ 17.600,00 |
Mídia Online e Alternativa | R$ 11.550,00 |
Especial |
R$ 11.550,00 ou R$ 17.600,00 (dependendo do tipo de veículo) |
Como participar
Os jornalistas interessados devem inscrever seus projetos por meio de um formulário específico que está disponível no site www.andi.org.br/timlopes. O projeto deve incluir uma Proposta de Pauta (http://timlopes.redandi.org/setima_edicao/tim_lopes.php)segundo modelo propost no link.No site também está disponível o Regulamento (http://www.andi.org.br/pagina-minisite-tim-lopes/regulamento)completo do concurso.
Sobre a Childhood Brasil
A Childhood Brasil é uma organização brasileira e faz parte da World Childhood Foundation (Childhood), instituição internacional criada em 1999 pela rainha Silvia da Suécia para proteger a infância e “garantir que as crianças sejam crianças”. Há 14 anos a Childhood Brasil luta por uma infância livre de abuso e exploração sexual e, atualmente, executa seis programas próprios e três projetos especiais. A organização já apoiou 108 projetos por meio de 60 organizações, beneficiando mais de 1,5 milhão de pessoas, entre crianças e adolescentes, seus familiares e profissionais de diferentes setores.
A organização apoia projetos, desenvolve programas regionais e nacionais, influencia políticas públicas e transforma a vida de muitas crianças e adolescentes. Também educa os diferentes agentes, orientando-os sobre como agir em relação ao problema, promovendo a prevenção e formando proteção em rede para meninos e meninas. Com sede em São Paulo, a Childhood Brasil é certificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).