A condenação do soldado Bradley Manning sob acusações de espionagem tornou cada vez mais possível que os EUA condenem o fundador do WikiLeaks, Julian Assange como co-conspirador, avaliam seu advogado e grupos de liberdade civis.
A juíza Denise Lind considerou Manning culpado de diversas violações sob o Ato de Espionagem e ele pode até mesmo enfrentar prisão perpétua. Defensores da liberdade de imprensa afirma que o veredicto reforça o alerta de que a perseguição agressiva da administração do presidente Barack Obama em relação aos que vazam informações confidenciais desencorajará os que denunciam esses dados de incluir informações críticas sobre questões militares ou de inteligência.
A acusação militar no caso Manning classificou Assange como "anarquista da informação" que encorajou o soldado a vazar centenas de milhares de documentos secretos diplomáticos e militares. Eles insistiram que um grupo contra o sigilo não pode ser considerado uma organização de mídia que publicou informações vazadas em nome do interesse público.
Já a equipe de defesa de Manning negou a "acusação de que ele estava agindo sob a orientação do WikiLeaks e de Julian Assange, mas o governo continuou insistindo nisso, tentando dizer que Julian era um co-conspirador", disse Michael Ratner, advogado americano de Assange e presidente emérito do Centro para Direitos Constitucionais em Nova York. "Isso é um sinal muito ruim sobre o que o governo americano quer fazer com Julian Assange". Está em andamento uma investigação do grande júri sobre o WikiLeaks, mas não está claro se há alguma acusação selada ou se Assange foi acusado.
Um passo a mais
Enquanto Manning foi inocentado da acusação mais séria de ajudar o inimigo, ele foi apenas a segunda pessoa a ser condenada por violar o Ato de Espionagem durante a administração Obama. Para Trevor Timm, diretor-executivo da fundação Freedom of the Press, a condenação de Manning sob acusações de espionagem deixou Assange um passo mais próximo de ser condenado. Mas ele ressaltou que "acusar alguém que publicou informações sob o Ato de Espionagem seria algo completamente sem precedentes e colocaria cada repórter de segurança nacional decente nos EUA em risco de prisão, porque eles também publicam regularmente informação de segurança nacional".
O governo pareceu sofrer durante o julgamento de Manning para descrever o WikiLeaks como uma organização ativista. Foi mencionado o papel do grupo em ajudar o ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional, Edward Snowden, de Hong Kong para Moscou, muito mais do que qualquer organização de mídia faria.
Há ainda grandes obstáculos para condenar Assange, inclusive porque ele está, há mais de um ano, na embaixada do Equador em Londres, evitando ser extraditado para a Suécia onde teria que ser interrogado por acusações de assédio sexual. Ainda há um mandado sueco para sua prisão.
Alguns ativistas expressaram alívio que o governo falhou em defender a acusação de que Manning ajudou o inimigo porque a al-Qaeda podia acessar informações secretas depois de postadas pelo WikiLeaks. Daniel Ellsberg, que vazou os Papéis do Pentágono em 1971, disse que havia uma séria prospecção de que tal condenação poderia interromper "quase todas as fontes de reportagens investigativas".
Elizabeth Goitein, co-diretora do Programa de Liberdade e Segurança Nacional do Centro Brennan para Justiça, sugeriu que os esforços da administração Obama em relação aos que vazam informações teriam uma séria implicação nas informações confidenciais divulgadas. "As únicas pessoas que vão querer correr o risco de divulgar algo serão aquelas em uma cruzada pessoal", opinou.