Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Disposição de se pagar por conteúdo na rede continua baixa

Enquanto a receita publicitária e a indústria de mídia tradicional continuam a enfraquecer, mais e mais jornais passam a apelar para diferentes planos de acesso pago a seus produtos digitais. Mas o consultor e executivo de mídia Alan Mutter, autor do blog Reflections of a Newsosaur, tem más notícias: apesar de alguns jornais, como o New York Times, terem conseguido alcançar um número substancial de assinaturas, a maioria das publicações conseguirão convencer apenas uma pequena fração de seus leitores a pagar por acesso a conteúdo.

A Gannett, maior cadeia de jornais dos EUA, com mais de 81 títulos, vem apostando pesadamente em planos de assinatura por acesso online. No entanto, até agora apenas 2% de seus antigos leitores pagaram por conteúdo na web.

Segundo Mutter, até mesmo jornais como o New York Times, que convenceu 35% de seus leitores a pagarem pelo seu conteúdo na rede, não são nada comparados a gigantes do entretenimento digital como o Netflix, com 40 vezes mais assinantes que o jornalão.

Acesso limitado

Pode parecer uma comparação injusta, pois um se especializa em notícias e o outro em entretenimento, mas Mutter tem um bom ponto: “a maioria dos consumidores prefere pagar por filmes e músicas do que por notícias, que estão amplamente disponíveis de maneira gratuita, no Google News e até no Huffington Post”.

Alguns jornais parecem já ter decidido que restringir o acesso de conteúdo pode ser uma estratégia ruim. O San Francisco Chronicle, por exemplo, reabriu seu conteúdo e agora está desenvolvendo um site separado com conteúdo exclusivo.

A análise de Mutter se encaixa com os resultados de uma pesquisa do Instituto Reuters sobre o hábito de consumo de notícias feita no início do ano: apenas 5% das pessoas pagam por notícias online e menos de 15% dos entrevistados considerariam pagar por conteúdo jornalístico na web.

Uma possível solução, segundo o analista de mídia Ken Doctor, é parar de tentar vender notícias e pensar em outras coisas que um jornal poderia vender, como acesso exclusivo a textos de jornalistas sobre assuntos especiais, eventos ou outros tipos de conteúdo.