Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Correspondente da Vice relata desafios na cobertura da Crimeia

O jornalista Simon Ostrovsky já reportou do Oriente Médio, da região do Cáucaso e da Ásia Central, mas o correspondente do canal de vídeos online Vice News afirmou que nunca sofreu tanta hostilidade como em sua ida à Crimeia para cobrir a invasão russa. “Eu acho que, por causa da propaganda que está sendo televisionada pelas redes de notícias russas, as pessoas aqui acham que o mundo está contra a Rússia”, disse Ostrovsky, que tem cidadania americana mas nasceu na Rússia, em entrevista ao Huffington Post.

As agressões e intimidações sofridas pelo correspondente e sua equipe são mostradas em uma série de vídeos produzida para o Vice News, batizada de Roleta Russa: A invasão da Ucrânia. Ostrovsky afirma foi hostilizado de diversas formas: soldados russos tentaram impedir seu trabalho, um grupo de manifestantes pró-Rússia jogou sua credencial de imprensa no chão, e, em um incidente mais sério, membros do Berkut, grupo de ex-policiais da tropa de choque ucraniana que cuidam de postos de controle nas ruas para os russos, o atacaram, detiveram e ameaçaram de morte. Para Ostrovsky, o fato de outro cinegrafista ter conseguido fugir com as imagens do incidente os ajudou a ser liberados.

Mídia alternativa

O canal online Vice News é o mais novo empreendimento do grupo VICE, que começou com uma revista alternativa com sede em Montreal, no Canadá, e cresceu com reportagens fora do comum. No ano passado, o canal de TV por assinatura HBO começou a exibir uma série de programas produzidos pelo grupo de mídia – o Brasil e as UPPs aparecem em um episódio da segunda temporada. Uma das metas do grupo com a criação do Vice News é atrair uma geração mais jovem de consumidores de notícias que se importa com o que acontece no mundo, mas não está interessada no estilo televisivo tradicional.

Na série de vídeos filmados na Crimeia, Ostrovsky fez entrevistas, muitas vezes em russo, em instalações militares e nas ruas. O jornalista, que se mudou de volta para a Rússia aos 17 anos, diz que o formato de reportagem da Vice não muda a cobertura jornalística em si. “É apenas uma abordagem diferente”, afirma. “Nós não estamos contando histórias diferentes. Estamos apenas contando-as de uma forma diferente”.

Ao contrário de uma reportagem produzida para a TV tradicional, os vídeos de Ostrovsky na Crimeia não têm imagens de fontes e equipes diferentes. A duração não é rígida: os já produzidos variam de quatro a 13 minutos. “Eu mostro as coisas em termos do que eu vejo, onde vou, em vez de tentar dizer tudo o que está acontecendo aqui em uma única reportagem. Eu tento apenas contar como são as coisas da minha perspectiva, de ter estado lá e ter visto o que vi”.